Морган Райс - A Ascensão dos Dragões стр 13.

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Maltren continua montado em seu cavalo, irritado; com seu nariz achatado e cara feia, ele é um homem que ama odiar, e que parece ter encontrado um alvo em Kyra. Ele sempre se opunha à sua presença ali, provavelmente porque ela era uma menina.

"Você deveria estar no forte de seu pai, menina," ele fala, "preparando-se para a festa com todas as outras jovens ignorantes."

Leo, ao lado de Kyra, rosna para Maltren, e Kyra coloca uma mão reconfortante em sua cabeça, acalmando-o.

"E por que é que esse lobo tem permissão para ficar em nossas terras?" Acrescenta Maltren.

Anvin e Vidar olham para Maltren com um olhar frio e duro, ficando do lado de Kyra, e Kyra se mantém firme e sorri de volta, sabendo está protegida e que ele não poderia forçá-la a sair.

"Talvez você devesse voltar para o campo de treinamento," ela responde em tom zombaria, "e não perder tempo com as idas e vindas de uma jovem garota ignorante."

Maltren enrubesce, incapaz de responder. Ele se vira, preparando-se para partir, mas não sem emitir uma última provocação.

"Estamos treinando com lanças hoje," ele fala. "É melhor você ficar fora do caminho dos homens de verdade que treinam com armas de verdade."

Ele se vira e começa a se afastar, juntamente com seus companheiros, e ao vê-lo partir, a alegria de Kyra se mistura ao desagrado com a presença dele.

Anvin olha para ela com um olhar consolador e coloca uma mão em seu ombro.

"A primeira lição de um guerreiro," ele diz, "é aprender a conviver com os que te odeiam. Goste ou não, você vai se encontrar lutando lado a lado com eles, dependendo da ajuda deles para salvar sua vida. Muitas vezes, seus piores inimigos não virão de fora, mas de dentro."

"E aqueles que não podem lutar, usam suas bocas," diz uma voz.

Kyra se vira e vê Arthfael se aproximando, sorrindo, rapidamente saindo em defesa dela, como sempre fazia. Assim como Anvin e Vidar, Arthfael, um guerreiro feroz e alto com uma cabeça completamente careca e uma longa barba negra, tinha uma queda por ela. Ele é um dos melhores espadachins, raramente superado, está sempre pronto para sair em sua defesa. Ela se sente confortada pela sua presença.

"Isso é papo furado," continua Arthfael. "Se Maltren fosse um guerreiro melhor, ele estaria mais preocupado consigo mesmo do que com os outros."

Anvin, Vidar e Arthfael montam em seus cavalos e partem com os outros, e Kyra fica ali a observá-los, pensando. Por que algumas pessoas a odeiam? Ela se pergunta. Ela não sabe se algum dia conseguiria se entender isso.

Enquanto eles avançam pelo terreno, correndo em círculos largos, Kyra estuda os grandes cavalos de guerra admirada, ansiosa pelo dia em que poderia ter o seu próprio cavalo. Ela observa os homens circular o campo, cavalgando ao lado dos muros de pedra, e seus cavalos às vezes escorregam na neve. Os homens seguram lanças entregues a eles por escudeiros ansiosos, e ao fazerem a curva, eles jogam as lanças contra alvos distantes: escudos pendurados em galhos. Quando acertam, o barulho distinto de metais ressoa pelo local

Kyra sabe que arremessar lanças de cima de um cavalo é mais difícil do que parece, e vários homens erram o alvo, especialmente à medida que passam a apontar para os escudos ainda menores. Daqueles que atingem o alvo, poucos acertam o centro, com exceção de Anvin, Vidar, Arthfael e alguns outros. Maltren, ela nota, erra várias vezes, xingando baixinho e olhando para ela, como se ela fosse a culpada.

Para continuar aquecida, Kyra pega seu cajado e começa a girá-lo em suas mãos, por cima da cabeça e ao redor de seu corpo, torcendo e girando o cajado como se ele fosse uma coisa viva. Ela desfere golpes em inimigos e bloqueia ataques imaginários, alternando as mãos, ao longo de seu pescoço, em volta da cintura, usando o cajado de madeira gasta após anos de uso como um terceiro braço.

Enquanto os homens circulam os campos, Kyra corre para seu próprio campo, uma pequena área dos campos de treinamento negligenciada pelos homens, mas que ela usa para si mesma. Pequenos pedaços de armadura pendem de cordas em um bosque de árvores, espalhados em diferentes alturas. Kyra passa por cada uma delas, fingindo que cada alvo é um adversário, batendo nos alvos com seu cajado. O ar é tomado pelo som de seu cajado enquanto ela corre pelo bosque, cortando, costurando e esquivando-se à medida que eles oscilam de volta para ela. Em sua mente, ela ataca e defende gloriosamente, conquistando um exército de inimigos imaginários.

"Já conseguiu matar alguém?" diz uma voz zombeteira.

Kyra vê Maltren montado em seu cavalo, rindo ironicamente dela antes de se afastar. Ela se irrita, desejando que alguém o colocasse em seu lugar.

Kyra faz uma pausa quando ela vê alguns homens, empunhando suas lanças, desmontarem e formarem um círculo ao redor da clareira. Seus escudeiros correm para lhes entregar espadas de treinamento de madeira feitas de carvalho grosso, que pesam quase tanto quanto o aço. Kyra fica na periferia, com seu coração acelerado, enquanto observa aqueles homens se enfrentando, querendo mais do que qualquer outra coisa se juntar a eles.

Antes que eles comecem, Anvin entra no meio e encara todos os presentes.

"Neste feriado, duelamos por uma recompensa especial," ele anuncia. "O vencedor terá direito as melhores porções do banquete!"

Um grito de excitação se segue e os homens atacam uns aos outros, com o barulho de suas espadas de madeira enchendo o ar, enquanto se alternam entre recuar e atacar.

A disputa é marcada pelo som de uma buzina, soando cada vez que um lutador é atingido por um golpe, sendo enviado para a lateral da clareira.  A buzina soa com frequência, e logo as fileiras começam a diminuir à medida que a maioria dos homens agora está em pé assistindo.

Kyra fica ao lado com eles, morrendo de vontade de participar, embora ela não tenha permissão. No entanto, é seu aniversário, ela completa quinze anos hoje e se sente preparada. Ela sente que é hora de insistir um pouco.

"Deixe-me juntar a eles!" Ela implora para Anvin, que está perto, observando.

Anvin balança a cabeça, sem tirar os olhos da ação.

"Hoje é meu décimo quinto aniversário!" Ela insiste. "Permita que eu participe!"

Ele olha para ela com ceticismo.

"Este é um campo de treinamento para homens," opina Maltren, em pé próximo a eles, depois ter sido eliminado. "Não é um lugar para garotas. Você pode sentar e assistir com os outros escudeiros, e nos trazer água se nós pedirmos."

Kyra fica corada.

"Você está com medo que uma menina possa derrotá-lo?" Ela responde, mantendo-se firme, sentindo uma onda de raiva dentro dela. Ela é filha de seu pai, afinal, e ninguém pode falar com ela dessa forma.

Alguns dos homens dão risadas e, desta vez, Maltren enrubesce.

"Ela tem razão," Vidar entra na conversa. "Talvez devêssemos deixá-la participar. O que temos a perder?"

"E ela vai usar o quê?" Maltren rebate.

"Meu cajado!" Kyra grita. "Contra suas espadas de madeira."

Maltren ri.

"Isso é algo que eu pagaria para ver," ele retruca.

Todos os olhos se voltam para Anvin, que fica parado, considerando o assunto.

"Se você se machucar, seu pai vai me matar," ele fala.

"Eu não vou me machucar," afirma ela.

Ele fica parado mais uns instantes, – uma eternidade para Kyra, até que, finalmente, ele suspira.

"Não vejo nenhum mal nisso, então," ele declara. "No mínimo, isso a manterá calada. Caso nenhum destes homens tenha alguma objeção," ele acrescenta, voltando-se para os soldados.

"Claro!" Grita uma dúzia dos homens de seu pai, em uníssono, todos entusiasmados e torcendo por ela. Kyra se sente agradecida por isso, mais do que ela poderia dizer. Ela vê a admiração que eles sentem por ela, o mesmo amor que reservam para seu pai. Ela não tem muitos amigos, e aqueles homens significam o mundo para ela.

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