Efetivamente, meu ouvido não havia me enganado. Um rio de uns cinco metros de largura abria caminho entre a floresta diante dos meus olhos. Minha primeira intenção foi tirar os tênis e jogar-me na água, mas me lembrei de algo sobre sanguessugas e primeiro inspecionei a água da margem com cuidado, deixando que a prudência fosse mais forte que o meu desespero por um momento. Só a ideia de que alguma delas grudasse ao meu corpo me estremecia. Enganchada, chupando meu sangue. Ao tocar a água com a mão, notei que não estava fria demais para que pudesse suportar. Não me parecia ver nada, exceto uns belos e pequenos peixes coloridos, alguns mais coloridos que outros, que eram pequenos demais para alimentar e bonitos demais para matar. Tinham o corpo comprido e aplanado, a cauda dividida em três partes, sendo a central parecida com plumas de aves, os olhos proporcionalmente grandes com relação à cabeça, tinham uma coloração azul iridescente, mas quando os raios do sol refletiam em seu corpo, toda uma incrível gama desde o azul até o violeta se difundia por suas escamas10. Procurei alguma outra coisa, como piranhas, crocodilos ou algo assim e não encontrei nada. Assim, decidi me molhar e depois beber um pouco d'água.
Entrei um pouco na água, assegurando primeiro com o cajado que o solo era firme, com os tênis calçados, porque tinha medo de que algum bicho me picasse ou que me cravasse algo nos pés. A primeira impressão me produziu um calafrio pelo contraste da temperatura da água com a do exterior, ainda que tenha me acostumado depressa. Ao meu redor voavam algumas libélulas de cores vivas, com suas formas alongadas e seu voo rápido e seguro; também havia grande quantidade de insetos, tanto voando como correndo pela superfície da água como se fosse uma pista de patinação.
Quando a água me chegava aos joelhos, parei e me molhei todo o corpo ajudando com as mãos. O efeito refrescante da água sobre as infinitas picadas das formigas, e nos inúmeros arranhões e sobre o joelho inflamado me produziu uma sensação de alívio indescritível. Poder estar por um momento na água, esquecendo-me de tudo, desfrutando de cada segundo, produziu em mim um estado de relaxamento profundo. Fechei os olhos e submergi a cabeça prendendo a respiração o máximo possível, sentindo como o frescor corria pela minha pele, rodeando-a e acariciando-a com suavidade. Durante breves instantes todos os problemas e preocupações se desvaneceram. Também bebi grandes goles de água, até que me senti completamente saciado. Ao sair da água estava decidido a sobreviver como pudesse; meus ânimos se encontravam reforçados, meu espírito disposto para a luta.
Quando a água me chegava aos joelhos, parei e me molhei todo o corpo ajudando com as mãos. O efeito refrescante da água sobre as infinitas picadas das formigas, e nos inúmeros arranhões e sobre o joelho inflamado me produziu uma sensação de alívio indescritível. Poder estar por um momento na água, esquecendo-me de tudo, desfrutando de cada segundo, produziu em mim um estado de relaxamento profundo. Fechei os olhos e submergi a cabeça prendendo a respiração o máximo possível, sentindo como o frescor corria pela minha pele, rodeando-a e acariciando-a com suavidade. Durante breves instantes todos os problemas e preocupações se desvaneceram. Também bebi grandes goles de água, até que me senti completamente saciado. Ao sair da água estava decidido a sobreviver como pudesse; meus ânimos se encontravam reforçados, meu espírito disposto para a luta.
Ouvi um ruído em uma árvore próxima e me escondi no matagal rapidamente. Já me haviam encontrado, nu e desprevenido, certamente iriam me matar sem piedade alguma, sacrificar-me como a um vil animal. Não queria morrer. Não poderia tê-los despistado? Não merecia um pouco de tranquilidade? Não havia sofrido o suficiente com as formigas? As imagens de Juan metralhado pelos rebeldes apareceram na minha cabeça como uma sucessão de curtos flashes, e o corpo sem vida de Alex sentado no avião após o choque, com o sangue escorrendo pelo rosto, me atormentou mais uma vez. Imaginei-me sangrando por vários buracos no meu corpo produzidos pelos disparos dos rebeldes, jogado ao chão ao pé de uma grande árvore, eles rindo e eu agonizando. A dor Observei atentamente entre as folhas das árvores e finalmente descobri a origem do som: um macaco de uns cinquenta centímetros de altura com uma cauda de igual comprimento, a cara azulada, a cada lado entre olho e orelha uma banda de pelo escuro, uma banda transversal clara em cima dos olhos, a maioria do corpo pardo-amarelado e a garganta, o peito e o ventre brancos11. Talvez não estivesse predestinado a morrer nesse dia. Pouco a pouco foram aparecendo mais e se juntaram cinco deles, saltando de galho em galho e lançando alguns gritos agudos. Deviam estar jogando ou algo assim, se empoleiravam em um galho e o agitavam com energia enquanto gritavam. Na melhor das hipóteses estavam na época do cio, não fazia ideia, mas era um espetáculo grandioso. Meu coração voltou pouco a pouco a bater no seu ritmo normal. A última coisa que vi foi um deles pegar do chão algo que de longe me parecia uma lacraia e comê-la.