Torre Evelyn - Artesãos E Tecnomantes стр 3.

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As sobrancelhas de Theo baixaram ante o brilho. Passar mais tempo perto de Silas Kylock não era apenas perigoso para sua saúde, mas a aproximava cada vez mais do risco de ser presa por homicídio.

Exceto que ele possuía o item exato de que ela precisava para rastrear Ellie. E não importava em que encrenca sua irmãzinha tivesse se metido dessa vez, Theo faria qualquer coisa por aquela garota.

Ela deu um suspiro.

— Tudo bem. Encontre-me, em uma hora, na minha casa com a sucata. Também pode limpar o resto de sua agenda por hoje. Não sei quanto tempo isso vai demorar.

As palavras gotejavam com um escárnio que ela não se incomodou em mascarar. Os Kylock haviam ganhado alguns xelins entre os contatos comerciais de seu pai e os consertos de Silas, mas, como ela, eram o lixo da sarjeta de Islington. Rufiões do fundo do poço não se encaixavam entre as pessoas elegantes e pretensiosas, por mais que os Kylock tentassem fingir o contrário.

— Trato feito. — ele respondeu, puxando as luvas grossas de trabalho que usava e jogou-as no chão.

Ele se levantou do banco com um rangido e cruzou a distância entre eles até ficarem a poucos centímetros de distância. As mãos de Theo não se moveram de seus quadris embora o olhasse com as costas grudadas à porta. Com quase dois metros de altura, ele se elevava quase trinta centímetros acima dela, mas ela nunca o havia considerado intimidador.

Silas estendeu a mão entre eles para um aperto. Ela ofereceu a sua, e o calor emanou da palma calejada dele quando selaram o acordo. Tão perto, ela podia sentir o cheiro de cobre, terra e âmbar, uma infusão que fez sua mente girar. Theo percebeu que o aperto de mão durou segundos a mais quando um sorriso malicioso curvou o lábio superior de Silas. Ela puxou a mão de volta.

— É capaz de encontrar a saída? — ele perguntou, sem se mover um centímetro, apesar da proximidade entre eles.

— Sou bastante capaz, obrigada. — ela retrucou, girando para as portas duplas.

Atrás dela, ela ouviu o barulho de passos e o barulho de peças de metal de uma miríade de ferramentas sendo movidas na mesa.

Theo Whitfield continuou marchando para frente. Mesmo que fosse obrigada a trabalhar com o maior e mais desagradável puxa-saco deste lado da cidade, Ellie estava vagando por aí e precisava da ajuda dela.

Theo não a decepcionaria.

Capítulo Dois

Silas ajeitou a mochila no ombro enquanto colocava a mão no bolso em que estava seu canivete. Sabia que não devia andar por essas ruas desprotegido. Espreitadores esperavam em cada beco, procurando destituir os transeuntes de qualquer moeda que aparecesse. Havia trocado de roupas, escolhido um traje condizente com a tarefa à frente: calças surradas, um velho par de suspensórios e uma camisa de botões, outrora branca. Estas poderiam ser ruas familiares, mas ele não sentia falta de discutir com os meninos locais acerca da única chance de comer durante a noite.

Theo Whitfield havia chegado como a brisa, e os problemas a seguiram. Se uma mulher podia arrastá-lo aos meandros da fossa em que ele cresceu, era ela. Ele não conseguia evitar incitar a mulher, mesmo que pela oportunidade de ter um vislumbre daquela esperteza afiada.

Ellie e Theo Whitfield eram o tipo de beldades que faziam os homens pararem e olharem. Ambas tinham a mesma pele cor de canela e os cabelos pretos e brilhantes, sempre soltos e livres, ao contrário das senhoras normais. E desde que Theo ingressou no mercado de trabalho, as calças e o chapéu que ela usava faziam com que cavalheiros como o pai dele fofocassem mais que matronas de igreja.

Silas passou a mão pelos cabelos acobreados, os fios ainda emaranhados nas laterais devido às hastes dos óculos. Ele arrastava as botas pelos paralelepípedos irregulares e passou pelo boticário vazio, que há muito se transformara em teias de aranha e sombras. Nesse trecho da cidade, os cheiros de urina e gim pairavam no ar, pesados. Misturavam-se com o odor adocicado que emanava de algumas das casas abandonadas transformadas em antros de ópio.

À frente, os cortiços se estendiam, edifícios de tijolos que haviam visto anos melhores. As janelas sem painéis brilhavam para ele como dentes abertos, entradas abertas, as portas balançando com a brisa. Nenhuma parte dele queria voltar para sua antiga casa, mas aqui estava ele enquanto as memórias desabavam como um maremoto.

Silas torceu o nariz ao entrar, e suas botas afundaram no carpete mofado que se estendia de uma ponta à outra do corredor. O papel de parede descascara, e o fedor de cola velha havia se infiltrado no ar viciado do local mal ventilado. Ele passou anos em seu apartamento de um cômodo mexendo em qualquer espaço que pudesse reivindicar, coletando engrenagens sobressalentes que encontrava no lixo e dissecando os autômatos esmagados que ele roubava das lixeiras.

No dia em que seu pai teve sorte em um negócio, tudo mudou. As Indústrias Kylock surgiram e, desde então, sua família vinha fazendo todo o possível para se desprender da sarjeta.

Silas acelerou o passo ao longo do corredor, em direção à terceira porta, um apartamento de que ele se lembrava bem. Ele ergueu os nós dos dedos até a porta e bateu.

A porta se abriu com um rangido, e Theo apareceu, impedindo-o de entrar. Seus cabelos pretos e brilhantes caiam nas costas, e ela usava uma roupa semelhante à dele. As calças destacavam a curva dos quadris, e um botão aberto revelava um indício de decote. Ela franziu os lábios, mantendo a mão na porta, mesmo enquanto ele espiava por ela. Com base no movimento de queixo e na maneira como ela desviou o olhar, ele precisava fazer suposições, ela estava envergonhada com o estado de miséria.

Não que devesse estar… eu cresci aqui também.

— Volto logo, mãe. — Theo gritou e fechou a porta, bloqueando a visão dele.

— Não está pensando em me convidar para uma xícara de chá? — ele perguntou, um sorriso se aprofundando no rosto.

Sempre que ela o encarava com muita seriedade, ele não conseguia evitar a provocação. Ele a provocava mil e uma vezes e, em alguns desses casos, foi bem idiota, mas ele preferia as palavras ásperas a desinteresse, era indiscutível.

— Como se você tivesse tanta sorte. — disse ela, descendo o corredor sem olhar para trás.

Os quadris iam de um lado a outro conforme ela descia com graça natural pelo corredor. Ele se arrastou atrás dela, o barulho das botas no carpete nojento fazendo sua pele coçar.

— Tem certeza de que não mudou de ideia? — Theo perguntou quando alcançou a porta. — Tudo seria muito mais fácil se apenas me entregasse as peças, e eu poderia começar a trabalhar. Sabe que não estamos indo a um passeio no parque. Não quero que suje essas mãos brancas como lírio.

Silas parou na frente dela, à porta, e colocou a mão na maçaneta. Ele levantou a outra na frente dela.

— Estas? Estão cobertas de todos os tipos de sujeira, calejadas além do recuperável.

Tão perto, ela se concentrou nele com a intensidade que entregava a tudo, e ele sentiu o cheiro forte de ferro e o doce aroma de lírios. O olhar dela se demorou percorrendo o comprimento dele de uma forma que atiçava o interesse dele.

Theo passou por ele para empurrar a porta, quebrando qualquer ilusão de que ela pudesse olhar para ele com algo diferente de ódio.

— A menos que você seja hábil com uma arma, não tenho uso para essas mãos. — disse ela, assumindo a liderança pelas ruas de paralelepípedos de Islington.

Alguns sujeitos vadeando pela calçada ergueram as facas e deram vários passos para se aproximar, até avistarem Theo. A gangue congelou quando ela tirou a pistola Derringer modificada do coldre de couro em sua cintura.

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