Морган Райс - A Ascensão dos Dragões стр 9.

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Merk caminha sem parar, suspirando, e tentando se liberar do passado. Enquanto ele reflete, Merk percebe que realmente não compreendia a origem do seu talento. Talvez fosse porque ele era muito rápido e ágil; talvez porque ele era rápido com as mãos e os pulsos; talvez fosse porque ele tinha um talento especial para encontrar os pontos vitais dos homens; ou talvez fosse porque ele nunca hesitava em dar o último passo, um impulso final que outros homens temiam; talvez fosse porque ele nunca tinha que atacar duas vezes; ou porque ele sabia como improvisar, e era capaz de matar com qualquer ferramenta à sua disposição – uma pena, um martelo, um tronco velho. Ele é mais habilidoso que outros, mais adaptável e mais rápido em seus pés – uma combinação mortal.

Enquanto Merk crescia, todos aqueles cavaleiros orgulhosos tinham se distanciado dele, e até zombado dele por trás (ninguém zombaria dele abertamente). Mas agora, quando eles estão mais velhos, e seus poderes começam a diminuir enquanto a fama dele se espalha, ele é o único alistado por reis, enquanto todos eles são esquecidos. Porque o que seus irmãos jamais entenderiam é que o cavalheirismo não transforma homens em reis. É a violência brutal, o medo primitivo, a total eliminação de seus inimigos, um de cada vez, a matança horrível que ninguém está disposto a fazer, que tornava um homem um rei. E é ele a quem os reis recorriam quando tinham um verdadeiro serviço real a ser feito.

Com cada toque do seu cajado, Merk se lembra de cada uma de suas vítimas. Ele tinha matado os piores inimigos do rei – não com veneno – para isso, eles costumavam usar assassinos mesquinhos, boticários e mulheres sedutoras. Para os piores inimigos,  muitas vezes os reis desejavam mandar algum recado, e para isso, eles precisavam dele. Algo horrível, algo público: um punhal no olho; um corpo exibido em uma praça pública, pendurado em uma janela, para que todos possam ver com o nascer do sol, para que todos vejam o que espera aqueles que ousavam se opor ao rei.

Quando o velho rei Tarnis havia rendido o reino, abrindo as portas para Pandésia, Merk havia se sentido vazio, sem propósito, pela primeira vez em sua vida. Sem um rei a quem servir, ele sentia à deriva. Algo que há muito tempo existia dentro dele, e por algum motivo que ele não compreendia, ele havia começado a se perguntar sobre a vida. Durante toda sua vida ele tinha sido obcecado com a morte, com a matança, em tirar a vida das pessoas. Isso havia se tornado fácil – fácil até demais. Mas agora, algo dentro dele está mudando; é como se ele mal pudesse sentir o chão estável sob seus pés. Ele sempre soube, em primeira mão, como a vida era frágil, a facilidade com que pode ela podia lhe ser tirada, mas agora ele começa a se perguntar sobre como preservá-la. A vida é tão frágil, preservá-la não seria um desafio maior do que tirá-la?

E, apesar de si mesmo, ele começa a se perguntar: o que era essa coisa que ele estava arrancando dos outros?

Merk não sabe o que tinha causado aquela autorreflexão, mas ela o deixa profundamente desconfortável. Algo tinha surgido dentro dele, uma grande náusea, e ele havia se sentido cansado de matar, e tinha desenvolvido um sentimento de repulsa por aquilo de que tanto gostava. Ele gostaria de ser capaz de indicar algo que pudesse ter ocasionado essa mudança – o assassinato de uma pessoa em particular, talvez, mas ele não consegue. A sensação tinha simplesmente tomado conta dele, sem qualquer motivo aparente. E isso o perturba mais que tudo.

Ao contrário de outros mercenários, Merk só aceitava causas em que acreditava. Foi apenas mais tarde na vida, quando ele havia se tornado bom no que fazia, quando os pagamentos se tornaram muito grandes, as pessoas que o contratavam demasiado importantes, que ele tinha começado a misturar as coisas, aceitando pagamento para matar pessoas que não eram necessariamente culpadas – e algumas até eram inocentes. E é o que o está incomodando.

Merk tinha desenvolvido uma paixão igualmente forte por desfazer tudo o que ele tinha feito, para provar aos outros que ele poderia mudar. Ele queria acabar com seu passado, consertar todos os erros que havia cometido no passado, para fazer penitência. Ele havia feito um voto solene para si mesmo de nunca mais voltar a matar; nunca mais levantar um dedo contra ninguém;  passar o resto de seus dias pedindo perdão a Deus, dedicando-se a ajudar os outros e se tornar uma pessoa melhor. E isso o tinha levado até aquela trilha na floresta, ouvindo o clique de seu cajado no chão.

Merk vê a trilha na floresta subir um pouco à frente, e em seguida desaparecer, brilhando com folhas brancas, e ele procura no horizonte pela Torre de Ur mais uma vez. Ainda não há sinal dela. Ele sabe que, eventualmente, o caminho o levaria até lá, em uma peregrinação que havia chamado por ele há meses. Desde quando ainda era um menino, ele se interessava pelos contos dos Vigilantes, a ordem secreta de monges / cavaleiros, parte homens e parte alguma outra coisa, cujo trabalho era residir nas duas torres – a Torre de Ur, a noroeste e da Torre de Kos a sudeste – para vigiar a relíquia mais preciosa do Reino: a Espada de Fogo. Era a Espada de Fogo, dizia a lenda, que mantinha as Chamas acesas. Ninguém sabia ao certo em qual torre ela estava guardada, um segredo muito bem guardado conhecido por ninguém, exceto os Vigilantes mais antigos. Se ela fosse movida, ou roubada, as chamas seriam perdida para sempre e Escalon ficaria vulnerável a ataques.

Dizia-se que vigiar as torres era uma vocação, um dever sagrado e honroso – se os Vigilantes o aceitassem. Merk sempre havia sonhado com os Vigilantes enquanto criança, indo para a cama à noite se perguntando como seria juntar-se às suas fileiras. Ele quer se perder na solidão, no serviço, na autorreflexão, e sabe que não há maneira melhor do que se tornar um Vigilante. Merk se sente pronto. Ele havia descartado sua cota de malha de couro, trocando sua espada por um cajado e, pela primeira vez em sua vida, ele tinha passado uma lua inteira sem matar ou ferir uma alma. Ele está começando a se sentir melhor.

Quando Merk alcança o topo de uma pequena colina, ele olha pra frente esperançoso, como já fazia há dias, que aquele pico pudesse revelar a Torre de Ur em algum lugar no horizonte. Mas não há nada para ser visto – nada, exceto mais floresta, chegando até onde seus olhos podem ver. No entanto, ele sabe que está chegando perto – depois de tantos dias de caminhada, a torre não poderia estar muito mais longe.

Merk continua descendo a trilha e a floresta se torna mais densa, até que lá embaixo, ele chega a uma enorme árvore derrubada bloqueando o caminho. Ele para e olha para ela, admirado com o seu tamanho e se perguntando como faria para contorná-la.

"Eu diria que você já foi longe o suficiente," diz uma voz sinistra.

Merk reconhece o mal naquela voz imediatamente, algo em que ele havia se tornado especialista, e nem sequer precisa se virar para saber o que está por vir. Ele ouve as folhas sendo esmagadas em torno dele, e de dentro da floresta surgem rostos para combinar com a voz: assassinos, cada um mais desesperado do que o outro. São os rostos dos homens que mataram sem motivo. Os rostos de ladrões e assassinos comuns que atacavam os fracos com violência aleatória e sem sentido. Aos olhos de Merk, eles eram os mais baixos dos baixos.

Merk vê que ele está cercado e sabe que ele tinha caído em uma armadilha. Ele olha a sua volta rapidamente, sem deixar que eles percebam, deixando seus velhos instintos agirem, e consegue contar oito deles. Todos eles seguram punhais, vestidos com trapos, com rostos, mãos e unhas sujos e a barba por fazer, todos com um olhar desesperado que mostra que não eles não comem nada há vários dias. E que eles estão entediados.

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