Erec pressionou o punhal, apertando-o mais contra a garganta do homem até que ela começou a sangrar, o homem gritou.
“Onde está esse lorde?” Erec rosnou, perdendo a paciência.
“Seu castelo está ao oeste da cidade. Pegue a porta ocidental da cidade e vá até o fim da estrada. Você vai ver o seu castelo. Mas é um desperdício de tempo. Ele pagou um bom dinheiro por ela, mais do que ela valia.”
Erec estava farto daquilo. Sem vacilar, ele cortou a garganta daquele traficante de escravas brancas, matando-o. O sangue jorrou por todas as partes quando o homem se deixou cair em seu assento, morto.
Erec olhou para o cadáver, para os capangas inconscientes e sentiu-se revoltado com o que via naquele lugar sórdido. Ele não podia acreditar que existisse um lugar semelhante.
Erec atravessou a sala e começou a cortar as cordas que atavam todas as mulheres, cortando os fios grossos e libertando-as, uma de cada vez. Várias mulheres pularam e correram para a porta. Logo todas as mulheres da sala estavam soltas e todas se dirigiam para a porta. Algumas estavam muito drogadas para se mover e eram ajudadas pelas outras.
“Seja quem você for…” Disse uma mulher para Erec, parando na porta. “… Que Deus o abençoe. E aonde quer que você vá, que Deus o ajude.”
Erec apreciou a gratidão e a bênção dela. Ele tinha a triste sensação de que ele ia precisar disso, no lugar para onde ele estava indo.
CAPÍTULO DEZ
A aurora rompeu, derramando-se através das pequenas janelas da cabana de Illepra e caindo sobre os olhos fechados de Gwendolyn, despertando-a lentamente. O primeiro sol de um laranja suave a acariciava, acordando-a no silêncio da madrugada. Ela piscou várias vezes, a princípio desorientada, perguntando-se onde ela estava. E então ela se deu conta:
Godfrey.
Gwen tinha adormecido no chão da casa, deitada em uma cama de palha perto da cabeceira da cama de Godfrey. Illepra dormia ao lado dele. Tinha sido uma longa noite para os três. Godfrey tinha gemido durante toda a noite, dando voltas na cama e Illepra havia cuidado dele incessantemente. Gwen estava ali para ajudar de qualquer maneira possível. Ela trazia panos molhados, colocava-os na testa de Godfrey e trocava-os quando necessário, além de entregar a Illepra as ervas e pomadas que ela pedia-lhe continuamente. A noite parecia interminável, Godfrey tinha gritado muitas vezes e Gwen estava certa de que ele estava morrendo. Mais de uma vez ele tinha chamado seu pai e isso tinha lhe provocado calafrios. Ela sentiu a presença de seu pai pairando intensamente sobre eles. Ela não sabia se seu pai desejaria que seu filho vivesse ou morresse, já que sua relação com Godfrey tinha sido sempre tão cheia de tensão.
Gwen também tinha dormido na casa de campo porque ela não sabia mais para onde ir. Ela não se atrevia a voltar ao castelo e ficar sob o mesmo teto com seu irmão; ela se sentia mais segura ali, sob os cuidados de Illepra, com Akorth e Fulton montando guarda do lado de fora da porta. Ela estava contente com a ideia de que ninguém sabia onde ela estava e queria continuar assim. Além disso, ela havia se afeiçoado a Godfrey naqueles últimos dias, tinha descoberto o irmão que ela nunca tinha conhecido e era doloroso para ela pensar que ele estava morrendo.
Gwen ficou de pé e correu para o lado de Godfrey, seu coração batia forte, ela se perguntava se ele ainda estava vivo. Uma parte dela sentia que se ele acordasse pela manhã, ele sobreviveria. Por outro lado, se ele não acordasse, seria o fim dele. Illepra despertou e correu para o lado dele também. Ela devia ter caído no sono em algum momento durante a noite. Gwen não podia culpá-la.
As duas se ajoelharam ali, ao lado de Godfrey, enquanto a pequena cabana se enchia de luz. Gwen colocou a mão no pulso de Godfrey e o apertou. Illepra estendeu a mão e colocou-a sobre a testa dele. Ela fechou os olhos e respirou. De repente, os olhos de Godfrey se abriram. Illepra puxou a mão de volta, surpresa.
Gwen estava surpresa também. Ela não esperava ver Godfrey abrir os olhos. Ele se virou e olhou diretamente para ela.
“Godfrey?” Ela perguntou.
Ele entrecerrou os olhos, fechou-os e os abriu novamente. Então, para surpresa de Gwen, ele se apoiou em um cotovelo e olhou para elas.
“Que horas são?” Ele perguntou. “Onde eu estou?”
Sua voz soou alerta, saudável e Gwen nunca havia se sentido tão aliviada. Ela abriu um sorriso enorme, junto com Illepra.
Gwen se lançou para frente e abraçou-o com força, logo ela se afastou.
“Você está vivo!” Ela exclamou.
“Claro que eu estou.” Ele disse. “Por que eu não haveria de estar? Quem é ela?” Ele perguntou, virando-se para Illepra.
“Ela é a mulher que salvou sua vida.” Gwen respondeu.
“Salvou minha vida?”
Illepra olhava para o chão.
“Eu apenas ajudei um pouquinho.” Ela disse humildemente.
“O que aconteceu comigo?” Ele perguntou a Gwen, agitado. “A última coisa de que me lembro era que eu estava bebendo na taverna e então…”
“Você foi envenenado.” Illepra disse. “Um veneno muito raro e forte. Fazia anos que eu não encontrava esse veneno. Você tem sorte de estar vivo. Na verdade, você é a única pessoa que eu já vi sobreviver a ele. Alguém deve ter estado velando por você.”
Ao ouvir suas palavras, Gwen sabia que ela estava certa, ela imediatamente pensou em seu pai. Os raios do sol banhavam as janelas com sua luz cada vez mais forte e Gwen sentiu a presença de seu pai ali com eles. Ele tinha desejado que Godfrey vivesse.
“Bem feito.” Gwen disse com um sorriso. “Você tinha prometido que deixaria a bebida. Agora veja o que aconteceu.”
Ele virou-se e sorriu para ela. Ela viu a vida de volta em seu rosto e se sentiu inundada pelo alívio. Godfrey estava de volta.
“Você salvou minha vida.” Ele disse a ela, sinceramente.
Ele dirigiu-se a Illepra.
“Ambas me salvaram.” Ele acrescentou. “Não sei como poderei recompensá-las.”
Quando ele olhou para Illepra, Gwen percebeu algo. Havia algo em seu olhar, algo mais do que gratidão. Gwen virou-se e olhou para Illepra, notou que ela estava corada e olhava para o chão. Gwen percebeu que eles gostavam um do outro.
Illepra rapidamente virou-se e atravessou a sala, dando as costas a eles, ocupando-se com uma poção.
Godfrey olhou novamente para Gwen.
“Gareth?” Ele perguntou de repente, muito sério.
Gwen assentiu, entendendo o que ele estava perguntando.
“Você tem sorte de não estar morto.” Disse ela. “Firth está.”
“Firth?” Godfrey levantou a voz, surpreso. “Morto? Mas como?”
“Ele foi enforcado.” Disse ela. “Você seria o seguinte.”
“E você?” Godfrey perguntou.
Gwen deu de ombros.
“Ele tem planos de casar-me. Ele me vendeu aos Nevaruns. Aparentemente, eles estão vindo para me levar.”
Godfrey sentou-se, indignado.
“Eu jamais permitirei isso!” Ele exclamou.
“Nem eu.” Ela respondeu. “Eu vou encontrar uma saída.”
“Mas sem Firth, não temos nenhuma evidência.”Ele disse. “Nós não temos nenhuma maneira de derrotá-lo. Gareth permanecerá livre.”
“Nós encontraremos uma solução.” Ela respondeu. “Nós encontraremos uma saída…
De repente, a cabana encheu-se de luz quando a porta se abriu e Akorth e Fulton entraram apressados.
“Alteza. Akorth começou então se virou ao ver Godfrey.
“Seu filho da mãe!” Akorth gritou de alegria para Godfrey. “Eu sabia! Você trapaceia em quase tudo na vida, eu sabia que você ia enganar a morte também!”
“Eu sabia que nenhuma jarra de cerveja seria capaz de levá-lo ao túmulo!” Fulton acrescentou.
Akorth e Fulton se atropelaram para abraçar Godfrey quando ele pulou da cama. Todos eles se abraçaram.
Em seguida, Akorth muito sério, virou-se para Gwen.
“Minha senhora, desculpe incomodá-la, mas vimos um contingente de soldados no horizonte. Eles estão vindo até nós, agora mesmo.”
Gwen olhou para eles alarmada, em seguida, correu para fora, seguida por todos eles, ela abaixou a cabeça e apertou os olhos na forte luz solar.