Marina Iuvara - Vida De Aeromoça стр 7.

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Verifiquei, além da bagagem, que tudo tinha sido limpo corretamente, que o serviço de catering tinha abastecido corretamente todos os carrinhos, os fornos e a geladeira, que os equipamentos e as luzes de emergência estavam em funcionamento.

Eu era o oposto de minhas colegas, tão desinibidas e seguras nos movimentos, já veteranas, como se diz.

No curso, tínhamos visto todos os alçapões, os carrinhos e as gavetas armazenados dentro do avião. Era uma infinidade, todos completamente cheios de materiais necessários para o bom andamento do voo.

Decidi abri-los todos para ver o que continham e memorizá-los para utilizá-los com mais rapidez.

Fechei-os e logo esqueci a posição e o conteúdo de todos, pois eram muitos, e todos idênticos quando vistos de fora.

Repeti isso várias vezes. Às vezes a sorte me ajudava a adivinhar onde estava o que eu procurava, às vezes me rendia na busca de copos de plástico depois de uma vitória parcial sobre os pacotes de café e leite em pó. Acho que os tapa-olhos mudavam de lugar a cada voo, como se fosse um truque de mágica: depois de encontrá-los em uma gaveta, via-os em algum outro lugar.

Eu olhava minha saia que cobria o joelho, a meia-calça lisa e cor de pele que, até então, nunca tinha usado, os sapatos de salto alto, que combinavam com a bolsa, uma blusa bem engomada, lenço no pescoço, jaqueta frisada e o obrigatório crachá.

Tudo aquilo estava agora no meu corpo. Vesti aquele uniforme pela primeira vez, do jeito mais correto que consegui. Meu nome estava naquela plaquinha, o que era uma grande honra, e eu a usava com orgulho, entusiasmo, até certa solenidade: era o início de um sonho magnífico.

Queria tirar outra foto e mandar para Stefania. O sorriso desta foto seria sincero, ao contrário daquele nas fotos tiradas para a seleção. Além disso, diria que sentia saudades dela e que gostaria que ela estivesse comigo.

Naquele momento, o nervosismo e a emoção do primeiro voo me deixaram dura.

A cor da jaqueta do uniforme era muito parecida com a das poltronas, e eu me sentia mais próxima delas do que de uma aeromoça "de verdade".

Felizmente, tudo ocorreu bem e, acredito, ninguém percebeu minha apreensão durante todo o voo. Talvez tenha aparecido durante minha primeira demonstração dos procedimentos de segurança.

Todos os olhos estavam sobre mim, e eu não estava preparada para enfrentar de maneira natural aqueles inúmeros olhares que se voltavam para mim.

Senti um rubor nas faces, e as mãos começaram a suar, a tremer um pouco, quando demonstrei como afivelar o cinto de segurança.

Nunca tinha tido nenhum problema para encaixar fivela metálica na fenda, mas, naquela situação, ficou difícil. Tentei segurar o tremor dos dedos que me impedia de encontrar o buraco certo.

Já com o suor escorrendo, consegui terminar aquela estranha demonstração, como uma dança seguida de movimentos de mãos.

Sentia-me como uma atriz em um filme mudo que seguia o texto lido e transmitido pelos alto-falantes do avião, enfatizando com gestos as instruções dadas.

Durante os anúncios de boas-vindas, foi estranho ouvir minha voz ecoar por todo o avião, e só depois de muitos voos fui conseguindo modulá-la melhor, tentando evitar inflexões dialetais, principalmente o "ó" aberto. Os anúncios deviam seguir uma fonética estrita e fechada, e que eu precisava sempre repetir:

Buongiòorno, benvenuti a bòordo.

Benvenuti a Ròoma.

Dei-me conta de que apertando as bochechas e fechando a boca um pouco, contraindo os lábios e evitando as nasalizações, conseguia encurtar o som:

Buongiòorno, bòordo e Ròoma finalmente viraram Buongiorno, bordo, Roma.

Depois de um voo doméstico entre Roma e Bolonha e uma viagem internacional logo em seguida de Bolonha a Paris, cheguei ao destino final, embora aquele maldito "ó" ainda me acompanhasse.

Depois da despedida dos passageiros, um ônibus me levou para o hotel e, como sempre acontecia, depois de feito o check-in, combinamos de sair para jantar juntos.

 Nos vemos às 20 horas, nada muito formal.

Foi o que me disseram os colegas antes de ir para o quarto trocar de roupa.

Aprendi por minha conta que é importante ser pontual.

Eu estava feliz por estar em boa companhia e por estar sendo guiada por eles, que conheciam bem a região.

Teríamos jantado no famoso restaurante "La Coupole", na Boulevard Montparnasse, conhecido pelo entrecôte e um bom vinho tinto.

Eu teria provado avestruz com o aperitivo, e teria tirado muitas fotos para lembrar a ocasião. Teria mostrado as fotos para Stefania, minha mãe, meu pais, minhas primas. Eu teria sido a princesinha parisiense jantando em um famoso restaurante francês na companhia de pessoas que viajavam, que conheciam o mundo e viviam em hotéis luxuosos. E eu junto a eles, fazia parte daquele sonho que virava realidade.

Achei que não deveria chegar bem no horário combinado no saguão do hotel, pois "uma senhora deve sempre se fazer de difícil". Era assim de onde vim.

Aprendi que "uma colega" não pode fazer isso, porque aquele "nada muito formal" significa: "Máximo de cinco minutos de atraso permitidos".

Jantei sozinha na lanchonete do hotel, que só servia sanduíche na chapa: comi um croque monsieur de presunto e uma ótima soupe doignons, vulgarmente conhecida como sopa de cebola. Aqui, tudo era diferente, até a sopa.

Na época, eu não era acostumada a comer sozinha em restaurantes e estava envergonhada pela situação. Escondi o embaraço com um livro do Hemingway aberto ao lado do prato e o celular em mãos. As mesinhas eram típicas, pequenas e próximas umas às outras. Ao meu lado, estava uma senhora elegante com cabelo preso, vestindo um conjunto da Chanel.

Na manhã seguinte, depois de visitar a torre Eiffel, uma parada rapidinha pelo Arco do Triunfo e as vitrines cintilantes da Champs-Élysées, almocei apressada no renomado Relais de Venice na rue Pereire, e não deixei de passar pelo cabeleireiro "Carita", especialista em makeovers, que cortava o cabelo depois de ter estudado os traços da pessoa e adaptando-o ao formato do rosto.

Uma ilustre colega "entendida", que tinha um corte espetacular e que conheci em trânsito no aeroporto, foi quem me aconselhou o local.

Nunca confie cegamente nos conselhos das colegas. Também aprendi essa.

Com uma franjinha horrível sobre a testa e a conta bancária quase zerada (por sorte eu tinha um cartão de crédito, e o champanhe e os canapés de salmão eram cortesia do cabeleireiro), voltei para o hotel bem na hora de pôr o uniforme, tentar esconder a franja com gel e fechar a mala que, sabe-se lá por que, na volta parece nunca ter a mesma capacidade da vinda, e nenhum voo é exceção.

Desta vez, a falta de espaço era por causa do chapéu retrô que, embora fosse quase certo que nunca conseguiria usar, me fez sonhar e, portanto, não resisti e comprei, depois de tê-lo visto no mercado de pulgas de Saint Queen.

Uma colega do voo me disse que tinha ido para a loja de departamento Lafayette e para outra loja na rue du Bac onde se encontram de sofás de P. Starck a lanternas de bolso do tamanho de uma pilha, de sacolas de compras extravagantes a armários feitos de corda e botões. Anotei para ir da próxima vez que estivesse na cidade.

Logo depois da aterrissagem, os colegas prepararam o "happy landing" em minha honra, um drink à base de espumante e suco de laranja para festejar minha "primeira vez".

Voltei para casa lívida, pronta para mostrar meu chapéu novo para a Eva, a única que apreciaria a compra e que seguramente o pediria emprestado. Pelo menos ele seria usado.

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