L. G. Castillo - Lash стр 10.

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Maldito corpo humano e sua sensibilidade à dor. Ele estremeceu quando abriu a mão e arrancou cacos de vidro da palma da mão. O sangue escorria e pingava na mesa.

— Querido, você está... oh Meu Deus, você está sangrando — uma mulher falou pausadamente. Ela correu para o bar e voltou com um pano de prato. — Envolva isso em volta da sua mão.

Lash tirou a toalha dela com raiva porque Gabrielle levou a melhor sobre ele.

— Ei! Você não precisa ser um idiota — disse a mulher.

Lash olhou para cima e olhou para um par de olhos verdes semelhantes aos de Gabrielle, exceto que eram muito mais gentis. Ela ofegou.

— Você é lindo — ela murmurou, hipnotizada. — Existe alguma coisa que eu possa te trazer?

Lash sorriu. Em suas formas humanas, todos os anjos eram vistos como impressionantes para os humanos, mesmo os caídos. Felizmente para ele, todas as mulheres que encontrou desde que foi expulso, estavam desesperadas por sua atenção e fizeram qualquer coisa que ele pediu a elas. No começo, ele não queria se aproveitar, mas quando percebeu que estava sozinho, precisava ganhar a vida de alguma forma. Belo corpo ou não, precisava ser vestido, alimentado e abrigado. Os humanos tinham uma manutenção tão alta.

— Não, estou bem. É só um arranhão — disse Lash enquanto limpava a mão e colocava no bolso da jaqueta. Ele sabia que dentro de alguns minutos a ferida seria curada. Era um dos dons que foi autorizado a ter ainda e que veio a calhar ao longo dos anos.

— Você tem certeza? Parecia muito ruim.

— Sim, tenho certeza. — Ele a estudou enquanto ela pegava os cacos de vidro com cuidado e os jogava em uma lata de lixo nas proximidades. No bar esmaecido, ela parecia uma versão mais jovem de Gabrielle. Quando ela voltou, seus olhos percorreram as marcas em seus braços. Sua mão tocou um saquinho dentro do bolso e ele sorriu. Um pensamento surgiu em sua mente sobre como ele poderia dar o troco em Gabrielle e se divertir um pouco ao mesmo tempo.

Ele deu à mulher seu olhar mais ardente. — Qual o seu nome?

Seus olhos escureceram. — Megan — disse ela sem fôlego.

Ele se inclinou e colocou uma mecha de cabelo loiro atrás da orelha. — Interessada em um bom momento?


Lash se concentrou na pressão que crescia na boca do estômago. Seu corpo balançava para frente e para trás, saboreando o calor em sua pele ‒ o único tipo de calor que podia lhe dar alívio da dormência dos últimos trinta e cinco anos.

No começo, ele pensou nisso como uma aventura, viver entre os humanos. Estava sinceramente curioso em saber como era estar do outro lado. Ele pensou que seria perdoado e levado de volta ao rebanho, não era como se tivesse cometido um pecado mortal ou algo assim. Mas os meses se transformaram em anos e anos em décadas e quando percebeu que nunca iria para casa, seu coração ficou frio.

Ele fechou os olhos, tentando apagar a expressão presunçosa no rosto de Gabrielle quando foi mandado embora, mas ficou gravado em sua mente.

Incomodava-lhe que fosse expulso tão facilmente, que não reconhecessem como foi difícil para ele ajudar pessoas que eram tão ingratas. Chegou ao ponto em que muitos se sentiam merecedores do que ele tinha para dar, acreditavam que tudo o que tinham que fazer era pedir e receberiam. Sim, houve momentos em que ele foi contra as ordens, mas tudo deu certo no final, e suas atribuições foram deixadas melhores por isso. Quando se tratava da menininha que realmente merecia viver, ele seguiu puro instinto. Ele tinha certeza de que Michael estaria do seu lado sobre isso. Bem, foda-se isso e foda-se o trabalho dele.

Um gemido o distraiu de seus pensamentos, e ele olhou para a fonte. Fios de cabelo pintados de loiro balançavam em sincronia com os quadris dele, roçando as coxas na sua. Sensações quentes e úmidas o envolveram enquanto pressionava nas profundezas escorregadias de sua boca mais rápido, desesperado por calor, por liberar-se da escuridão que o dominava.

— Porra! — Ele gemeu quando a pressão dentro dele explodiu. Nesse pequeno momento, ele escapou das correntes invisíveis que o amarravam ao frio, e o calor se espalhou por seu corpo. Ele estava em casa novamente, andando sob o céu azul brilhante, o sol brilhando em seu rosto.

Tão rapidamente quanto veio, desapareceu e um frio deslizou pelas costas, fazendo-o estremecer. O fedor de ovos podres e urina o atingiu abruptamente, e seus olhos se abriram. Ele estava de volta ao inferno que era sua vida agora. Ontem foi o Motel Triple Leaf; hoje era o The Lucky Seven Inn. Eles eram todos iguais, assim como as mulheres que o ajudaram a encontrar sua fuga, mesmo que fosse só por um minuto.

Olhos verdes olhavam para ele. Ele imaginou que era o rosto dela, aquela que o condenara ao seu destino, a andar na terra longe da família e dos amigos. — Engole.

Megan engoliu em seco, depois se levantou devagar, esfregando seu corpo magro e nu contra o dele. — Vamos, baby, me dê um pouco — ela ronronou.

Ele pegou sua calça jeans, tirou um saquinho de cristal transparente e jogou para ela.

Ela gritou e correu para o outro lado da sala onde sua bolsa estava. Ela jogou seu conteúdo no chão, fazendo com que uma enxurrada de baratas corresse para se esconder.

Lash andou até a cozinha, se é que poderia dizer isso em um apartamento de um quarto, serviu um copo de uísque enquanto observava Megan. Como um cirurgião, suas mãos se moviam com precisão, segurando um isqueiro sob uma colher enferrujada com uma mão e uma agulha na outra. Por um breve momento, sua consciência pesou com culpa.

— Oh, baby, essa é da boa! — Ela soltou a faixa de seu braço, rastejou para a cama, e olhou para ele sedutoramente. — Por que você não se junta a mim?

Na penumbra, ele viu uma sugestão da beleza que ela fora uma vez. Era óbvio que seu vício em drogas havia cobrado seu preço ‒ o cabelo dela estava quebrado e oleoso, e sua pele parecia pálida. Braços furados por agulhas estendiam-se para ele. — Venha aqui. Vou te ajudar.

— Eu precisaria de muito mais do que isso para conseguir qualquer tipo de barato. — Ele pegou suas roupas do chão e jogou-as para ela. — Coloque-as.

Ela puxou uma camiseta roxa desbotada pela cabeça. — Por que isso? Você é algum tipo de super-humano ou algo assim?

Ele bufou. — Se eu te mostrar uma coisa, promete manter isso em segredo?

Ela rastejou até a beira da cama. — Juro por Deus. — Ela fez o sinal da cruz sobre a parte esquerda de seu peito.

Lash sorriu e deu um passo para trás. Ele baixou os braços para o lado, as palmas voltadas para cima e relaxou os ombros. Então, ele empurrou.

A garota ofegou ao som de pele rasgando.

— O que você está fazendo? — ela gritou quando gotas de sangue caíram no chão.

Ele sorriu. — Espere. Tem mais.

Seus olhos se arregalaram quando dois objetos brancos surgiram, alinhando ao comprimento de suas costas. Ele deu um último empurrão e elas se expandiram.

— O que... — Ela esfregou os olhos. — Porra! Você é um anjo.

Ela pulou ao som de alguém batendo na porta.

— Lahash, sou eu, Raphael. Abra a porta. Eu sei que você está aí.

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