Морган Райс - Apenas os Dignos стр 3.

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O cavaleiro rebolou por cima dela, imobilizando-a. Ela olhou para ele, desesperada para ver o seu rosto. Porém, estava tapado, com a viseira branca para baixo. Apenas via a aparecerem por detrás das ranhuras do seu elmo uns olhos ameaçadores. Ela viu novamente aquela bandeira no cavalo dele e, desta vez, ela olhou bem para a sua insígnia: duas cobras, envolvidas à volta de uma lua, um punhal no meio delas, envolto num círculo de ouro.

Rea agitava-se, batendo-lhe na armadura. Mas era inútil. Eram umas mãos frágeis e pequenas a baterem num fato de metal. Era como se ela estivesse a bater numa rocha.

"Quem és tu?", perguntou ela. "O que queres de mim?"

Não houve nenhuma resposta.

Em vez disso, ele agarrou-a com a sua manopla e, quase sem ela dar por isso, ele virou-a, com a cara voltada para o chão, puxando o seu vestido.

Rea gritou, percebendo o que estava prestes a acontecer. Ela tinha dezassete anos. Ela estava a guardar-se para o homem perfeito. Ela não queria que aquilo acontecesse daquela maneira.

"Não!", gritou. "Por favor. Tudo menos isto. Mata-me primeiro!"

Mas o cavaleiro não queria ouvir e ela sabia que não havia como pará-lo.

Rea fechou os olhos com força, tentando afastar a situação, tentando transportar-se para outro lugar, para outro momento, para qualquer lugar menos para ali. O pesadelo dela tinha voltado, aquele do qual havia estado desperta, aquele que tinha tido durante muitas luas. Ela percebeu com temor que era aquilo que ela tinha andado a ver. Esta mesma cena. Esta árvore, estas ervas, este planalto. Esta tempestade.

De alguma forma, ela havia previsto aquilo.

Rea fechou os olhos com mais força e tentou imaginar que aquilo não estava a acontecer. Ela tentava perceber se era pior no sonho ou na vida real.

Rapidamente terminou.

Ele parou de se mexer e deitou-se por cima dela, ela entorpecida demais para se mover.

Ela ouviu o som do metal a levantar-se, sentindo o peso dele, finalmente, a sair de cima de si. Ela preparou-se, esperando que ele a matasse naquele momento. Ela antecipava o golpe da sua espada. Seria um alívio muito bem-vindo.

"Vá", disse ela. "Mata-me."

No entanto, para sua surpresa não ouviu nenhum som de uma espada, mas sim o som suave de uma corrente delicada. Ela sentiu algo frio e leve a ser-lhe colocado na palma da mão. Ela olhou, confusa.

Ela pestanejou à chuva e ficou surpreendida ao ver que ele lhe tinha colocado na mão um colar de ouro, com um pingente na sua extremidade, duas cobras, à volta de uma lua, com um punhal entre elas.

Finalmente, ele falou as suas primeiras palavras.

"Quando ele nascer", ouviu-se uma voz profunda e misteriosa, uma voz de autoridade, "dá-lhe isto. E manda-o para mim."

Ela ouviu o cavaleiro montar o seu cavalo, apercebendo-se vagamente do seu som a afastar-se.

Os olhos de Rea ficaram pesados. Ela estava demasiado exausta para se mexer ali deitada à chuva. Sentindo-se destroçada, ela sentiu um doce sono a chegar-lhe e não lhe resistiu. Talvez agora, pelo menos, os pesadelos parassem.

Antes de deixar o sono aproximar-se, ela olhou fixamente para o colar, o emblema. Apertou-o, sentindo-o na mão, o ouro tão espesso, grosso o suficiente para alimentar toda a sua aldeia durante uma vida.

Porque é que ele o tinha dado a ela? Porque é que ele não a tinha matado?

A ele, ele tinha dito. Não a ela. Ele sabia que ela ficaria grávida. E ele sabia que seria um rapaz.

Como?

De repente, antes de um doce sono se apoderar dela, veio-lhe tudo à memória. A última peça do seu sonho.

Um rapaz. Ela tinha dado à luz a um menino. Um nascimento vindo da fúria. Da violência.

Um rapaz destinado a ser rei.

CAPÍTULO DOIS

Três Luas Mais tarde

Rea ficou sozinha na clareira da floresta, atordoada, perdida no seu próprio mundo. Ela não ouvia o riacho a gotejar sob os seus pés, não ouvia o chilrear dos pássaros na densa floresta ao seu redor, não reparava na luz do sol que brilhava através dos ramos, ou no grupo de veados que a observava de perto. O mundo inteiro tinha-se dissipado e ela olhava apenas para uma coisa: as veias da folha de Ukanda que ela segurava entre os seus dedos trêmulos. Ela tirou as palmas das suas mãos da ampla folha verde e, lentamente, para seu horror, a cor das veias das folhas mudaram de verde para branco.

Vê-las mudar era como uma faca no seu coração.

As folhas de Ukanda não mudavam de cor, a não ser que a pessoa que lhes tocasse estivesse grávida.

O mundo de Rea vacilou. Ela tinha perdido toda a noção de tempo e espaço enquanto ali tinha estado. O seu coração latejava nos seus ouvidos, as suas mãos tremiam e o seu pensamento voltava àquela naquela noite fatídica há três luas atrás, quando a sua aldeia tinha sido saqueada, muitos dos seus mortos por contar. Quando ele a tinha levado. Ela estendeu a mão e passou-a sobre a barriga, sentindo uma pequena protuberância, sentindo uma outra onda de náusea e, finalmente, ela entendeu o porquê. Estendeu a mão e tocou o colar de ouro que ela tinha andado a esconder à volta do pescoço, bem por dentro da roupa, é claro, para que os outros não o vissem. Ela questionava-se, pela milionésima vez, quem seria aquele cavaleiro.

Por muito que ela as tentasse bloquear, as palavras finais dele não paravam de soar na sua cabeça.

Manda-o para mim.

Subitamente Rea ouviu um ruído por trás de si e virou-se, assustada, ao ver os olhos redondos de Prudência, sua vizinha, a olhar para ela. Uma menina de catorze anos de idade, que perdeu a sua família no ataque, uma intrometida sempre muito ansiosa por bisbilhotar qualquer pessoa. Prudência era a última pessoa que Rea queria que soubesse acerca do que se passava consigo. Rea viu horrorizada os olhos de Prudência a desviaram o olhar da sua mão para a folha em transformação, arregalando-se ao se aperceber.

Com um olhar de desaprovação, Prudência deixou cair a sua cesta de lençóis, virou-se e correu. Rea sabia que ela ter saído dali a correr apenas poderia significar uma coisa: ela ia informar os aldeões.

Rea ficou apavorada e sentiu a primeira onda de medo. Os aldeões iriam exigir que ela matasse o seu bebé, é claro. Eles não queriam nenhuma recordação do ataque dos nobres. Mas porque é que isso a assustava? Será que ela queria realmente manter aquela criança, o subproduto daquele monstro?

O medo de Rea surpreendia-a e, ao pensar nisso, ela percebeu que era perigoso manter o seu bebé seguro. Isso desorientava-a. Intelectualmente, ela não queria tê-lo; fazê-lo seria uma traição à sua aldeia e a ela mesma. Isso só encorajaria os nobres que a tinham invadido. E seria tão fácil perder o bebé; ela poderia simplesmente mastigar a raiz Yukaba, e no seu próximo banho, a criança morreria.

No entanto, visceralmente, ela sentia a criança dentro dela e o seu corpo dizia-lhe algo que a sua mente não dizia: ela queria ficar com ele. Protegê-lo. Afinal, era uma criança.

Rea era uma filha única que nunca tinha conhecido os seus pais, que havia sofrido no mundo sem ninguém para amar e ninguém para amá-la. Sempre tinha desesperadamente querido alguém para amar e alguém para amá-la também. Ela estava farta de estar sozinha, de estar em quarentena na secção mais pobre da aldeia, de esfregar o chão dos outros, de fazer o trabalho árduo de manhã à noite, sem qualquer saída. Ela sabia que nunca iria encontrar um homem, dado o seu estado. Pelo menos ninguém que ela não desprezasse. E, provavelmente, nunca iria ter um filho.

Rea sentiu uma súbita onda de vontade. Podia ser a sua única hipótese, ela percebeu. E agora que ela estava grávida, ela percebeu que não sabia o quanto desejava aquela criança. Ela desejava-a mais do que qualquer coisa.

Rea começou a caminhar de volta para a sua aldeia, apreensiva, apanhada num remoinho de emoções misturadas, mal preparada para enfrentar a desaprovação que, ela sabia, estaria à sua espera. Os aldeões insistiriam para que nenhum filho dos saqueadores da sua cidade, dos homens que lhes haviam tirado tudo, sobrevivesse. Rea dificilmente poderia culpá-los; engravidar as mulheres era uma tática comum dos saqueadores para dominar e controlar as aldeias em todo o reino. Às vezes eles eram mesmo enviados para isso. E ter um filho só alimentava o seu ciclo de violência.

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