Tudo era como um confuso como um borrão enquanto Thor lutava, cortava e aparava golpes em todas as direções, usando toda a sua habilidade para defender-se; para atacar; para cuidar de seus irmãos e para cuidar de si mesmo. Ele instintivamente evocou seus intermináveis dias de treinamento, quando treinava ser atacado por todos os lados, em todas as situações. De certa forma, aquilo parecia natural para Thor. Eles o haviam treinado bem e ele sentia-se capaz de lidar com tudo. Seu medo sempre estava lá, mas ele se sentia capaz de controlá-lo.
À medida que Thor lutava, seus braços se sentiam cada vez mais pesados e seus ombros cansados. As palavras de Kolk ecoaram em seus ouvidos:
“Seu inimigo nunca vai lutar nos seus termos. Ele vai lutar nos termos dele. A guerra para você significa guerra para alguém mais.”
Thor avistou um guerreiro baixo e largo levantar uma corrente com puas com as duas mãos e balançá-la por trás da cabeça de Reece. Reece não percebeu o que estava acontecendo, em mais um momento, ele estaria morto.
Thor pulou de seu cavalo, saltou no ar diretamente sobre o guerreiro, antes que ele lançasse a corrente. Os dois saíram voando dos cavalos e caíram com força no chão, em meio a uma nuvem de poeira, Thor rolava pelo chão sufocado, enquanto os cavalos pisoteavam tudo ao seu redor. Ele lutava com o guerreiro no chão e quando o homem ergueu os polegares para arrancar os olhos de Thor, Thor de repente ouviu um grito e viu Estopheles descendo suas garras sobre os olhos do homem justo antes que ele pudesse machucar Thor. O homem gritou apertando os olhos e Thor lhe deu uma forte cotovelada derrubando o homem de cima dele.
Antes que Thor tivesse a chance de deleitar-se com sua vitória, ele sentiu um forte chute no estômago que o fez cair de costas. Ele olhou para cima para ver um guerreiro levantando um martelo de guerra com as duas mãos e baixando-o direto para seu peito.
Thor rolou para o lado e o martelo passou zunindo por ele, afundando na terra até o cabo. Ele percebeu que escapou por pouco de morrer esmagado pelo martelo.
Krohn atacou o homem, saltando para a frente e afundando suas presas no seu cotovelo. O soldado socou Krohn uma e outra vez. Mas Krohn não o soltava, ele rosnava e finalmente arrancou o braço do homem. O soldado gritou e caiu no chão.
Um soldado aproximou-se e brandiu sua espada para Krohn, mas Thor rolou com seu escudo e bloqueou o golpe, salvando a vida de Krohn. Todo o seu corpo tremeu com o som estridente do golpe. Mas, enquanto Thor estava ali ajoelhado e exposto, outro guerreiro avançou sobre ele com seu cavalo, pisoteando-o, derrubando-o de cara no chão, Thor sentia como se os cascos do cavalo estavam esmagando todos os ossos do seu corpo.
Vários soldados de McCloud saltaram e rodearam Thor, encurralando-o.
Thor percebeu que estava em uma péssima situação. Ele daria tudo para estar montado de volta em seu cavalo naquele instante. Enquanto ele estava ali no chão, com a cabeça explodindo de dor, ele viu com o canto do olho, seus outros membros da Legião lutando e perdendo terreno. Um dos rapazes da Legião o qual ele não conhecia, soltou um grito estridente e Thor viu quando uma espada perfurou seu peito e ele caiu morto.
Mais um membro desconhecido da Legião veio em seu auxílio, matando seu agressor com um golpe de sua lança. Mas, enquanto isso, um McCloud o atacou por trás e enfiou um punhal em seu pescoço. O jovem gritou e caiu de seu cavalo, já morto.
Thor se voltou e olhou para cima para ver uma meia dúzia de soldados caindo sobre ele. Um deles levantou a espada e baixou-a em direção ao seu rosto. Thor estendeu a mão e bloqueou-a com seu escudo, o barulho do golpe ressoou em seus ouvidos. Porém outro soldado levantou o pé e chutou o escudo de Thor, tirando-o de sua mão.
Um terceiro atacante pisou no pulso do Thor, prendendo-o no chão.
Um quarto atacante avançou e levantou a lança, preparando-se para perfurar o peito de Thor.
Thor ouviu um grande rosnado e viu quando Krohn pulou sobre o soldado, jogando-o para trás e prendendo-o no chão. Mas um soldado adiantou-se e golpeou Krohn com uma maça, atingindo-o com tanta força que o leopardo tombou com um ganido e caiu de costas, inerte.
Outro soldado deu um passo adiante, ficando de pé sobre Thor. Ele levantou um tridente fazendo uma careta. Desta vez não havia ninguém para detê-lo. Ele se preparou para baixar o tridente direto contra o rosto de Thor e enquanto Thor estava ali preso e indefeso, ele não podia deixar de sentir que finalmente, o seu fim havia chegado.
CAPÍTULO SETE
Gwen estava ajoelhada ao lado de Godfrey na cabana claustrofóbica. Illepra se encontrava ao seu lado. Gwen já não aguentava mais. Ela tinha estado ouvindo os gemidos de seu irmão por horas, tinha visto como o rosto de Illepra ficava cada vez mais sombrio e parecia que Godfrey realmente iria morrer. Gwen sentia-se tão impotente, simplesmente sentada ali. Ela sentia que precisava fazer alguma coisa. Qualquer coisa.
Ela estava atormentada não somente pela culpa e a preocupação com Godfrey, ela estava ainda mais preocupada por Thor. Ela não conseguia afastar de sua mente a imagem dele avançando para a batalha, prestes a morrer, sendo enviado por Gareth direto para uma armadilha. De alguma forma, ela também sentia que tinha de ajudar Thor. Ela ia enlouquecer se ficasse sentada ali.
De repente, Gwen se levantou e atravessou a cabana.
“Para onde vai?” Illepra perguntou com sua voz rouca de tantos cânticos e preces.
Gwen virou-se para ela.
“Eu volto logo.” Disse ela. “Há uma coisa que devo tentar.”
Ela abriu a porta e correu para fora, para o pôr-do-sol e piscou ao ver a paisagem diante de si: o céu estava manchado de vermelho e roxo, o segundo sol posto como uma bola verde no horizonte. Akorth e Fulton, para seu crédito, ainda estavam ali, de guarda. Eles levantaram-se e olharam para ela com preocupação em seus rostos.
“Ele vai viver?” Akorth perguntou.
“Eu não sei.” Disse Gwen. “Fiquem aqui montando guarda.”
“E para onde está indo?” Fulton perguntou.
Quando ela olhou para o céu vermelho sangue e captou uma sensação mística no ar, ela teve uma ideia: havia um homem que poderia ajudá-la.
Argon.
Se havia uma pessoa em quem Gwen podia confiar; uma pessoa que amava Thor e que havia permanecido leal ao seu pai; uma pessoa que tinha o poder de ajudá-la, de alguma forma, essa pessoa era ele.
“Preciso procurar alguém especial.” Disse ela.
Ela virou-se e correu apressada pelas planícies, traçando o seu caminho para a cabana de Argon.
Ela não tinha estado ali há anos, desde que era uma criança, mas ela lembrava que ele vivia no alto das desoladas planícies escarpadas. Ela corria e corria mal tomando o fôlego, à medida que o terreno tornava-se mais desolado, mais ventoso e a vegetação dava lugar a seixos e logo às rochas. O vento uivava e enquanto ela prosseguia a paisagem tornou-se estranha. Gwen se sentia como se estivesse andando na superfície de uma estrela.
Ela finalmente chegou à cabana de Argon e bateu à porta, totalmente sem fôlego. Não havia nenhum trinco que ela pudesse usar em nenhum lugar. Mas Gwen sabia que aquela era a casa dele.
“Argon!” Ela exclamou. “Sou eu! A filha de MacGil! Deixe-me entrar! Eu lhe ordeno!”
Ela batia e batia, mas a única resposta era o uivo do vento.
Finalmente, ela rompeu em lágrimas, exausta, sentindo-se mais impotente do que nunca. Sentia-se vazia, como se ela não tivesse mais nenhum lugar para onde ir.
À medida que o sol se punha mais profundamente no céu, seu vermelho-sangue dava lugar ao crepúsculo. Gwen virou-se e começou a caminhar de volta colina abaixo. Ela enxugava as lágrimas de seu rosto enquanto seguia desesperada para descobrir para onde iria agora.