Морган Райс - Transmissão стр 8.

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“Kevin?” Luna disse. “Estás a deixar-me preocupanda agora. Olha, se não me dizes o que é, então eu vou ligar para a tua mãe e descobrir dessa forma.”

“Não, não faças isso” Kevin disse rapidamente. “Eu não tenho a certeza... a Mãe não está a lidar bem com isto.”

Luna estava a ficar mais preocupada a cada momento que passava. “O que é que se passa?” Ela está doente? Tu estás doente?”

Kevin acenou com a cabeça à última. “Estou doente” disse ele. Ele colocou a mão no ombro de Luna. “Eu tenho algo chamado leucodistrofia. Estou a morrer, Luna.”

Ele sabia que o havia dito demasiado rápido. Para algo assim, deveria haver toda uma grande explicação, uma construção adequada, mas honestamente, essa era a parte que importava.

Ela olhou para ele, abanando a cabeça em óbvia descrença. “Não, não podes estar, isso é...”

Ela abraçou-o então, com tal força que Kevin mal conseguia respirar.

“Diz-me que é uma piada. Diz-me que não é real.”

“Eu gostaria que não fosse” disse Kevin. Ele desejava isso mais do que qualquer coisa naquele momento.

Luna afastou-se, e Kevin pôde vê-la a contorcer as suas feições com o esforço para não chorar. Normalmente, Luna era boa em não chorar. Agora, porém, ele conseguia ver que ela não se estava a aguentar.

“Isto... quanto tempo?” ela perguntou.

“Eles disseram que talvez seis meses” disse Kevin.

“E isso foi há dias, portanto agora é menos tempo” ripostou Luna. “E tu tens tido que lidar com isto sozinho, e...” Ela caiu em silêncio quando a clara enormidade daquilo obviamente a atingiu.

Kevin pode vê-la a olhar para as pessoas no reservatório, observando-as com os seus pequenos barcos e as suas incursões rápidas para a água. Eles pareciam tão felizes lá. Ela olhou para eles como se eles fossem a parte que ela não conseguia acreditar, não a doença.

“Não parece justo” disse ela. “Todas estas pessoas, simplesmente continuam como se o mundo fosse o mesmo, a divertirem-se enquanto tu estás a morrer.”

Kevin sorriu tristemente. “O que devemos fazer? Dizermos-lhes a todos para pararem de se divertir?”

Ele apercebeu-se, um pouco tarde demais, do perigo de o dizer quando Luna se levantou num ápice, colocou as suas mãos em forma de taça na boca, e gritou o mais alto que conseguiu.

“Ei, vocês todos, vocês têm que parar! O meu amigo está a morrer e eu exijo que vocês parem de se divertir imediatamente!”

Algumas pessoas olharam em volta, mas ninguém parou. Kevin suspeitava que não tinha sido essa a questão. Luna ficou ali por alguns segundos, e, desta vez, foi ele que a abraçou, segurando-a enquanto ela chorava. Era suficientemente raro que o enorme choque daquilo mantivesse Kevin ali. Luna a gritar com as pessoas, comportando-se de uma forma que elas nunca esperariam de alguém como ela, era normal. Luna a descontrolar-se não era.

“Sentes-te melhor?” ele perguntou passado um pouco.

Ela abanou a cabeça. “Na verdade não. E tu?”

“Bem, é bom saber que há alguém que tentaria parar o mundo por mim” disse ele. “Sabes qual é a pior parte?”

Luna conseguiu outro sorriso. “Não ser capaz de soletrar o que te está a matar?”

Kevin só pôde retribuir aquele sorriso. Confiando que Luna soubesse que ele precisava que ela fosse o seu eu habitual, brincando com ele.

“Eu consigo, eu pratiquei. A pior parte é que tudo isto significa que ninguém acredita em mim quando eu digo que tenho andado a ver coisas. Eles acham que é tudo apenas da doença.”

Luna inclinou a cabeça para um lado. “Que tipo de coisas?”

Kevin explicou-lhe sobre as estranhas paisagens que ele tinha andado a ver, com o fogo a devastá-las, a sensação de uma contagem decrescente.

“Isso...” Luna começou quando ele terminou. Ela não parecia saber como acabar embora.

“Eu sei, é uma loucura, sou louco” disse Kevin. Mesmo Luna não acreditou nele.

“Não me deixaste terminar” disse Luna, inspirando. “Isso... é tão fantástico.”

“Fantástico?” Kevin repetiu. Não tinha sido a reação que ele esperava, mesmo vindo dela. “Todas as outras pessoas acham que eu estou a ficar louco ou que o meu cérebro está a derreter, ou algo assim.”

“Todas as outras pessoas são estúpidas” declarou Luna, embora, para ser justo, esse parecesse ser o seu parâmetro padrão para a vida. Para ela, todas as pessoas eram estúpidas até prova em contrário.

“Então acreditas em mim?” Kevin perguntou. Até mesmo ele já não tinha a certeza, depois de tudo o que as pessoas lhe haviam dito.

Luna colocou as suas mãos nos ombros dele, olhando-o diretamente nos olhos. Com outra miúda, Kevin poderia ter pensado que ela estava prestes a beijá-lo. Não com Luna, no entanto.

“Se me disseres que essas visões são reais, então elas são reais. Eu acredito em ti. E ser capaz de ver mundos alienígenas é definitivamente fantástico.”

Os olhos de Kevin arregalaram-se um pouco. “O que é que te faz pensar que é um mundo alienígena?”

Luna deu um passo para trás, encolhendo os ombros. “O que mais vai ser?”

Quando ela perguntou isto, Kevin teve a sensação de que ela estava tão atordoada com tudo isto quanto ele. Ela só fazia um trabalho melhor a escondê-lo.

“Talvez...” ela supôs “... talvez tudo isto tenha mudado o teu cérebro, pelo que ele tenha uma ligação direta para esse lugar alienígena?”

Se Luna alguma vez adquirisse um superpoder, provavelmente seria a capacidade de saltar para grandes conclusões num único salto. Kevin gostava disso nela, especialmente quando isto significava que ela era a única pessoa que poderia acreditar nele, mas mesmo assim, parecia muito a decidir, tão rapidamente.

“Tu sabes o quão louco isso soa, certo?” ele perguntou.

“Não é mais louco do que a ideia de que o mundo vai simplesmente arrancar para longe de mim o meu amigo sem um bom motivo” Luna ripostou, com os punhos cerrados de uma forma que sugeria que ela lutaria alegremente sobre o assunto. Ou talvez simplesmente cerrados pelo esforço para não chorar novamente. Luna costumava ficar com raiva, fazer piadas ou fazer coisas loucas em vez de ficar chateada. Naquele momento, Kevin não a podia culpar.

Ele viu-a a parar de chorar, pouco e pouco, forçando um sorriso.

“Portanto, doença terrível, visões fantásticas de mundos alienígenas... há mais alguma coisa que não me estejas a contar?”

“Apenas os números” disse Kevin.

Luna olhou para ele com óbvio aborrecimento. “Entendes que não era suposto teres dito sim?”

“Eu queria contar-te tudo” disse Kevin, embora achasse que era provavelmente um pouco tarde agora. “Desculpa.”

“Ok” disse Luna. Mais uma vez, Kevin teve a sensação que ela estava a trabalhar para processar tudo aquilo. “Números?”

“Eu também os vejo” disse Kevin. Ele repetiu-os de memória. “23h 06m 29,283s, −05° 02′ 28,59.”

“Ok” disse Luna. Ela franziu os lábios. “Eu questiono-me o que eles significam.”

Que eles não pudessem significar nada não lhe pareceu ocorrer. Kevin adorava isto nela.

Ela tinha o telefone dela. “Não é uma matrícula de carro, e seria estranho para uma palavra-passe. “Que mais?”

Kevin não tinha pensado nisso, pelo menos não com o tipo de objetividade que Luna parecia estar a aplicar ao problema.

“Talvez como um número de um objeto, um número de série?” Kevin sugeriu.

“Mas há horas e minutos lá” disse Luna. Ela parecia totalmente envolvida no problema do que isso poderia significar. “E que mais?”

“Talvez como um tempo de entrega e um local?” Kevin sugeriu. “Essas segundas partes soam como se fossem coordenadas.”

“Não está propriamente correto para uma referência de mapa” disse Luna. “Talvez se eu pesquisar no Google... oh, fantástico.”

“O quê é?” Kevin perguntou. Um olhar no rosto de Luna disse que eles tinham acertado.

“Quando digitas essa cadeia de números num motor de busca, só obténs resultados sobre uma coisa” disse Luna. Ela fê-lo soar tão certo como isso. Ela virou o telefone para lho mostrar, as páginas marcadas numa fileira organizada. “O sistema de estrelas Trappist 1.”

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