Nós compomos também um hino em “metro iâmbico Arquilóquio”, que contém os únicos milagres do mesmo Pai Benedetto:
Gostaria de referir aqui um fato que o beato Gregorio não menciona na vida de San Benedetto, nosso pai fundador. Quando, por inspiração divina, vem de Subiaco nestes locais onde agora repousa, foi seguido por três corvos que ele costumava nutrir, eles voaram em torno por cinquenta milhas. Ao chegar a uma encruzilhada, lhe apareceram dois anjos em forma de jovens para indicar-lhe o caminho a tomar.
Sempre aqui vivia um Servo de Deus em uma humilde casinha ao qual o céu tinha dito: «Tenha cuidado destes lugares, um outro amigo está aqui». Ao chegar aqui, na Rocca di Cassino, Benedetto se mortificou em uma severa e contínua abstinência, sobretudo, no tempo de quaresma fazia retiro, afastado dos problemas do mundo. Estas notícias as encontrei no canto do poeta Marco, que vindo em visita a Benedetto compôs alguns versos em seu louvor, não os mostro aqui em seguida porque não quero alongar-me demais na narrativa. Foi com certeza o Céu a conduzir Benedetto neste local fértil sob o qual se estende um vale exuberante: queria que aqui se reunisse uma congregação de muitos monges, assim como acontece realmente, graças à orientação de Deus.
A terminar de narrar estas coisas, que não podia ignorar, volto à nossa história.
27. Audoino, Rei dos Longobardos, teve como esposa Rodelinda, ela gerou-lhe um filho, Alboino, adequada à guerra e valoroso na ação. Morto Audoino, o décimo Rei foi assim Alboino que se torna com os votos de todos. As muitas ações de Alboino o tornaram famoso e Clotario, Rei dos Francos, quis unir-se a ele dando-lhe como mulher a própria filha Clotsuinda, desta união nasceu só uma filha, Albsuinda.
No entanto, morreu Turisindo, Rei dos Gepidi, ao qual seguiu Cunimondo. Este, querendo se vingar das velhas rusgas sofridas, rompeu o tratado de paz com os Longobardos e preparou a guerra. Alboino tinha firmado um pacto perpétuo com os Avaros, aqueles que um tempo eram chamados Unos e só em seguida Avaros, do nome de um seu Rei. Alboino partiu para a guerra provocada pelos Gepidi e enquanto estes últimos, de várias direções, se moviam contra ele, como por acordos tidos com o Rei Longobardo, os Avaros invadiram o território dos Gepidos. Um triste mensageiro chegou à Cunimondo com a notícia que os Avaros tinham entrado nas suas terras. Abatido no moral, disposto em frente a uma escolha angustiantes, Cunimondo decidiu enfrentar antes os Longobardos e encorajando-os à batalha adicionou que depois de tê-los vencido teria expulsado da sua pátria os Unos.
A inevitável batalha foi conduzida com todas as forças, os Longobardos resultaram vencedores e cruelmente se lançaram contra os Gepidi com tanta fúria que os massacraram quase que completamente, tanto que a duras penas salvou-se quem levou a notícia do extermínio. Naquela batalha, Alboino matou Cunimondo e, retirando-lhe a cabeça, a fez de copo para beber, do tipo daqueles que junto deles são chamados “scala” e em latim “patera”. Fez também prisioneira a filha do Rei Gepide de nome Rosmunda e uma grande multidão de homens e mulheres de todas as idades. Alboino, dado que Clotsunda estava morta, tomou Rosmunda como mulher e sua futura desgraça, como depois ficou claro. Com aquela vitória, os Longobardos recolheram uma grande riqueza. A estirpe dos Gepidi foi destruída, quem escapou acabou na parte sujeita aos Longobardos e em parte sob o duro jugo do Império Uno que até hoje ocupa a sua pátria.
O nome de Alboino, em vez disse, surgiu com grande fama tanto que junto aos Bavaros, Saxões e outros homens que falam a mesma língua, conta-se que as suas proezas, a fortuna em guerra, o valor em batalha e a gloria. Sob o seu governo, os Longobardos fabricaram também muitas novas armas de uma madeira especial como se conta ainda hoje.
Fim do Primeiro Livro
Segundo Livro
1. Enquanto a fama das contínuas vitórias dos Longobardos se difundia em todos os lugares, Narsete, “Cartulário imperial” e governador na Itália, estava ocupado preparando a guerra contra o Goto Totila. Já tendo sido os Longobardos federados do Império, Narsete mandou embaixadores para Alboino pedindo-lhe de colocar-lhe à disposição um contingente auxiliar para a iminente guerra contra os Gotos. Alboino enviou um contingente de homens escolhidos que chegaram na Itália atravessando o golfo do mar Adriático. Estes aliados dos Romanos participaram das batalhas derrotando e exterminando os Gotos, matando também o Rei Totila, honrados e cheios de presentes, voltaram para as suas terras.
Por todo o tempo em que ficaram separados em Pannonia, os Longobardos foram Federados da República Romana e os ajudaram contra os seus inimigos.
2. Naqueles anos, iniciou uma guerra contra o Duque Buccellino. O Rei Franco Teodeberto, no momento de voltar para a Gália, o tinha deixado na Itália junto a um outro Duque, Amingo; tinham o dever de submeter toda a península. Buccellino mandou ricos presentes ao seu Rei, estas eram parte do grande saque acumulado e enquanto se preparava para passar o inverno na Campania, foi alcançado e vencido, por Narsete em uma dura batalha na localidade conhecida com o nome de Tanneto. Na batalha, o mesmo Buccellino é morto. Em seguida, Amingo tentou levar ajuda à Windin, um Conde Goto que tinha se rebelado a Narsete, ambos foram derrotados pelo general Romano, Windin foi enviado em exílio em Constantinopla enquanto Amingo foi assassinado pela espada de Narsete. Um terceiro Duque, Leutario, irmão de Buccellino, carregado com muito produto de saque, tentou voltar para a pátria, mas entre Verona e Trento, perto do lago Benaco, morreu de doença.
3. Narsete teve que arcar com ainda uma guerra contra Sindualdo Rei dos Brionos, uma parte daquela estirpe de Eruli que Odoacre levou consigo no tempo da sua vinda na Itália. Em Sindualdo, Narsete tinha dado muitos privilégios na qualidade de aliado de Roma, mas depois Sindualdo, tomado pelo orgulho e pelo ímpeto de reinar se rebelou a Narsete. Ele o derrotou em batalha e o capturou, depois Sindualdo acabou enforcado em uma alta trave.
Além disso, o Patrício Narsete, para o trâmite do general Digisteo, homem forte e belicoso, ocupou toda a Itália. Narsete foi para a Itália como Cartulario mas graças ao seu valor obteve o Patriciado. Era um homem pio, de religião católica, generoso com os pobres e cuidadoso na restauração das igrejas. Tão fervoroso nas vigílias e nas orações que obteve a vitória mais com as súplicas a Deus do que com as armas.
4. No tempo em que Narsete governava a Itália, explodiu uma gravíssima epidemia de peste na província da Ligúria. Inesperadamente apareceram manchas nas casas, nas portas, nos vasos e nas roupas, quando alguém tentava limpá-las estas se tornavam ainda mais evidentes. Passado um ano, aos homens apareceram glândulas grandes como uma noz ou uma tâmara nas áreas inguinais e em outras partes delicadas do corpo. A isto seguia uma forte febre que em três dias levava à morte. Quem conseguia superar os três dias tinha boas esperanças de sobreviver. Em todos os lugares havia luto e lágrimas e como entre o povo tinha se espalhado a voz de quem se afastava das casas podia sobreviver, elas eram abandonadas, vazias, só os cães ficavam para guardá-las. Permaneceram sozinhos nos pastos os rebanhos, sem pastores para vigiá-los. Onde antes se avistavam vilas e acampamentos cheios de gente, agora eram desertos e abandonados pois todos tinha fugido. Fugiam os filhos deixando sem sepultar os cadáveres dos pais, fugiam os pais deixando os filhos tomados pelas fortes febres. Quem persista e continuava oferecendo piedosa sepultura como por antigos costumes, era contagiado e ficava por sua vez sem ser sepultado. Ao oferecer a última honraria ao cadáver do defunto deixava o seu cadáver sem a honra da sepultura.