Primeiro livro da série Atrações do Parque de Diversões
A viagem da tua vida pode ser a última.
O emprego de verão de Garth a gerir o comboio-fantasma no parque de diversões local é suposto ser uma forma descontraída de ganhar algum dinheiro bastante necessário. O seu visual gótico funciona como um bónus para o chefe. A luz do sol contrasta fortemente com as cenas macabras e assustadoras da viagem, mas quando um dos cadáveres revela ser mais realista do que deveria, são projetadas sombras sobre o verão.
Clem reconhece o potencial do funcionário mal-humorado com cabelo espetado e belos olhos azuis. Ele mal pode esperar para explorar a natureza submissa de Garth. Mas Clem não é bem o que parece e pode constituir tudo o que separa Garth de uma morte violenta. Não vai ser fácil conquistar a confiança de Garth num mundo em que os segredos podem significar a sobrevivência.
Dedicatória
A todos os que fazem coisas que os assustam.
Reconhecimento de Marcas Registadas
A autora reconhece o estatuto de marca registada e respetivos proprietários das seguintes marcas registadas mencionadas nesta obra de ficção:
Entrevista com o Vampiro: Warner Bros. Entertainment Inc.
Audi: Volkswagen Aktiengesellschaft
As Aventuras de Alice no País das Maravilhas: Lewis Carroll
Tannoy: Tannoy Ltd
2CV: Peugeot S.A.
Harry Potter: J K Rowling
Voldemort: J K Rowling
Frankenstein: Mary Shelly
Velocidade Furiosa: Universal Pictures
Mensa: Mensa International
Capítulo Um
«Quatro chás, meus queridos. A comida sai num minuto.» Mo, a proprietária do epónimo Café Mo, pousou a bandeja na borda da mesa antes de colocar uma caneca fumegante diante de cada um dos seus quatro clientes. «Então, estão de volta para o verão?»
«Que outra razão teríamos nós para estar aqui a deliciarmo-nos com a sua homenagem ao décor dos anos setenta, Mo?» Garth acompanhou as palavras com um movimento da mão, exibindo as unhas pintadas de preto. Recebeu um aperto de orelha devido ao comentário inconveniente.
«Rapaz atrevido.» Mo sorriu. «É bom ver-te. Não mudaram nada exceto tu, querido.» Ela despenteou o cabelo estilo algodão-doce de Stevie. «Era azul no ano passado, mas o lilás fica-te bem.»
Stevie corou até às raízes da sua farta trunfa e começou a brincar com o saleiro. Zach apertou-lhe o ombro.
«Vai combinar bem com os produtos da tua banca, Stevie.»
Stevie olhou para ele, com os seus enormes olhos cinzento-prateados. «Não vou trabalhar na banca de algodão-doce este ano, Zach. Vou estar a gerir o carrossel.» Parecia orgulhoso.
«Uau! É uma promoção e tanto. O carrossel é um lugar privilegiado e muito divertido. O pai pôs-me outra vez no helter-skelter, que penso ser a sua forma de me dizer que preciso de fazer mais exercício físico, e Garth está no comboio-fantasma como de costume.»
Garth sorriu. «Onde mais me colocaria ele?» Sacudiu um bocado de cotão imaginário do ombro do casaco de cabedal preto. «Encaixo-me na perfeição.»
«O que é que chamam àquele preto todo?» Perguntou Mo. «Gouda, Gaudy... Não, nenhum soa bem. Grotesco?»
«Gótico, Mo», explicou Zach, levantando a voz para se fazer ouvir sobre o riso dos seus amigos. Mo voltou para o balcão, resmungando sobre o estranho sentido de moda e vestimentas mais adequadas para funerais.
Garth encolheu os ombros. «Ela adora-me.» Tirou um batom preto do bolso do casaco e aplicou uma nova camada. «No ano passado, perguntou-me se eu tinha sido figurante no filme Entrevista com o Vampiro. Esse filme estreou em 1994. Eu nem sequer tinha nascido ainda!» Fungou e examinou as unhas. «Então e tu, Adam? O que é que o pai do Zach te pôs a fazer este ano?»
Adam puxou os ombros para trás e espetou o peito. «Segurança. O mesmo de sempre. Ele disse que eu tenho de vos manter aos três na linha.» Ergueu a sua chávena de chá para brindar. «Embora também tenha admitido que é uma tarefa impossível.»
Garth deu uma olhadela rápida ao amigo, admirando a sua fisionomia bem musculada. Adam parecia-se tal e qual com o jogador de râguebi do condado e de Inglaterra que era. Era muito mais alto do que os outros, com 1,95 metros. Garth media 1,82 metros graças às suas botas de motard com sola grossa. Stevie, o mais pequeno do grupo, tinha atingido o pico com 1,70 metros e Zach era apenas alguns centímetros mais alto. Em fila, faziam uma grande inclinação.
«Tens mais hipóteses de convencer a Mo a não servir morcela com recheio inglês. Nunca vai acontecer.» Zach encostou a sua caneca à de Adam. «Mas desfruta. Pelo menos, o Stevie vai gostar que lhe digas o que fazer.»
A meia risada de Adam deu-lhes a entender que ia gostar tanto quanto ele. As bochechas pálidas de Stevie ficaram rosadas.
«Não me provoques», murmurou ele, evitando o contacto visual. «Não és diferente.»
Garth teve a oportunidade de refletir sobre as palavras de Stevie enquanto Mo depositava quatro pratos à sua frente. As suas artérias contraíram-se ao apreciar a disposição aromática das frituras. Inalou o aroma antes de apunhalar uma gema de ovo amarela como o sol com o garfo. «Este verão, vamos encontrar os homens dos nossos sonhos. A Semana do Orgulho vai garantir muito por onde escolher. Mas é pena que não venham etiquetados. Poupar-nos-ia bastante tempo e angústia se pudéssemos verificar uma etiqueta a dizer Dommy top, adora Shibari ou sub ideal para espancar procura mão firme. Esse tipo de coisa.» Encheu o garfo com bacon.
«Então, o que diriam as nossas etiquetas, génio?» Perguntou Adam.
Garth levantou a sobrancelha. «Penso que o Zach é o homem certo para responder a essa pergunta.»
Apercebendo-se que estava sob o intenso escrutínio dos seus três amigos, Zach mastigou, engoliu e de seguida bebeu um golo de chá.
«Bem, o Stevie é fácil. Rainha doce e tímida procura Dom XXL para prazer sem dor.»
Stevie encolheu os ombros. «Ele é bom.»
«E eu?» Perguntou Garth.
«Emo vadio e mal comportado gosta de dor, adora servir, quanto mais severo melhor.»
Carrancudo, Garth deitou a língua de fora. Zach tinha acertado em cheio.
«Ele também te topou, Garth», exclamou Stevie. «Agora é a vez do Adam.»
Zach mastigou um grosso pedaço de salsicha, como se esta lhe pudesse proporcionar a inspiração adequada. «Dom excessivamente protetor precisa de sub para cuidar. Gosto por castidade é essencial.»
Adam enfiou uma garfada na boca, mastigando enquanto acenava com a cabeça em concordância. «Etiqueta-me já. Estou pronto.»
«O que diria a tua etiqueta, Zach? Conheces-te tão bem como pensas que nos conheces a nós?» Perguntou Garth. «Uma coisa é descreveres as manias dos teus amigos, outra coisa é admitires as tuas em voz alta.»
«Zach só tem olhos para um homem», disse o Stevie. «Um certo professor alto e moreno do departamento de matemática.»
Garth e Adam murmuraram em acordo.
«É pena que ele não esteja interessado», disse Zach. «A minha etiqueta vai dizer especialista em desejo não correspondido.»
«O Professor Raynott é lindo», admitiu o Stevie. «Mas assustador. Acho que nunca o vi sorrir. Será que é mesmo gay?»