Alessandra Grosso - Escada E Cristal стр 6.

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Recolhemo-nos num cantinho para mastigar aquela sóbria refeição que aos meus olhos podia ser que saborosa. Os nossos dentes funcionavam como laminas que cortam tudo e a nossa comida desapareceu muito rapidamente. Limpamos a zona e continuamos a nossa peregrinação esperançosa em não ter maus encontros. Durante a viagem tínhamos recomeçado a ver imagens horríveis desenhadas, escritas que nos forçavam a ir embora, a fugir, mas para onde podíamos fugir?

Onde é que podíamos encontrar um refugio? Como é que podíamos sair daquele labirinto?



Prosseguimos e felizmente encontramos armas e projécteis; apanhamo-los pensando que no futuro poderiam ser-nos útil. Descobrimos também uma espécie de acampamento destruído. Parecia que tivesse sido atacado e que os cadáveres tivessem sido arrastados dali: viam-se claramente vestígios de sangue provocadas pelo arrastamento dos corpos, todavia não encontramos nenhuma das vítimas.

Recolhemos todas as armas possíveis e também o pequeno kit do pronto-socorro: não sabia o que nos esperava e por isso queríamos nos preparar. Se quisessem matar estas duas mulheres sós, pois bem, deveriam esforçar-se.

Estávamos armadas e, esperando de ajudar aqueles que tinham sido atacados, avançamos seguindo os rastos de sangue. Todavia, logo começamos a temer o pior para os coitados mal-aventurados: deviam ter perdido muito sangue e o seu fim ou já tinha acontecido ou então estava muito próximo.

Seguimos os rastos de sangue ao longo da sala grande, depois passamos para um lugar mais estreito e obscuro. Apenas algumas chamas iluminavam o caminho, mas nós já tínhamos decidido o nosso percurso e nos demos força uma para a outra.

A partir do estreito corredor apresentava-se uma passagem mais ampla com tectos altíssimos que continham no centro uma outra sala enorme amuralhada.

A princípio não vimos a entrada, e foi esta a nossa sorte porque, sentindo o nosso cheiro, os monstros saíram para procurar-nos sem saber exactamente onde estivéssemos, e nós pudemos nos esconder atrás de uma rocha.

Eram horríveis e sujos, manchados de sangue.

Simplesmente congelantes. Estavam a brigar, o percebia porque lançavam-se estranhos raios e bolinhas de fogo que percutiam os seus corpos; se fossem atingidos, queixavam-se com gritos de barítono e terríveis.

Não eram gritos compreensíveis para nós, mas supunha que tivessem começado a brigar e se contrariavam provavelmente porque era bastante tempo que estavam sós e se enfadavam.

A luta continuava e começaram a não farejar mais o ar, mas apenas a brigar entre eles sempre de forma mais apaixonada. Talvez tinham perdido o interesse por nós. Estavam a magoar-se um ao outro: era o momento de atacar e de procurar os eventuais sobreviventes. Poderíamos ainda salvá-los ou tentar de fazê-lo, pensava esperançosa. Todavia não havia muitas esperanças, mas se tivessem sido atacados recentemente, talvez o kit do pronto-socorro poderia ajudar-nos.

Resolvemos portanto de apanhar os monstros de costas e de disparar apontando às suas feridas; para enfraquecê-los, se não matá-los.

Imaginava claramente o nosso empenho, o nosso avançar silencioso.

Começamos a disparar um segundo antes que se dessem conta de nós. As nossas balas, não obstante as suas dimensões colossais, eram dolorosas. Lhes carregamos em cima deles tudo o que pudemos, mas depois tudo acabou mal.

Vi o fim, vi-o nos olhos escuros da mulher que tinha sido mortalmente ferida e era exactamente igual a mim; podia ver com os seus olhos e perceber a vida que a estava abandonando lentamente. Contudo devia ir embora. Ela percebeu que devia fugir e nos seus olhos vi o perdão e a compreensão. A minha fuga percebida, justificada.

Nos dias seguintes teria sonhado e sentido toda a dor daquela criatura proveniente de muito longe que jamais teria revisto, a minha imagem proveniente duma dimensão diferente. Teria sentido o gélido impacto gerado pelo remoinho escaldante que me chupava, teria reparado em cima sabendo que não havia mais esperança neste mundo.

Apesar de tudo os monstros estavam ainda vivos e podiam fazer-me mal: devia deixá-la sozinha a minha companheira da aventura mal encontrada.

Para ensaiar a morte deles ela deixou-se pegar fogo, deixando saltar pelo ar os projécteis que tinham restado. O que criou uma enorme dor aos monstros que pareciam estar a gritar, gemer e rugir de raiva, frustração e dor. Os tinha visto de joelhos com o canto do olho e dentro de mim esperei para ser libertado.

Atravessei a larga passagem e encontrei-me na sala onde Danação e Vingança torturavam os prisioneiros e os sacrificavam em algumas divindades infernais.

Vários corpos tinham sido massacrados e enforcados ao contrário, de forma que o sangue gotejasse e com eles a vida. Era horrível e dramático, uma cena pior que tivesse alguma vez visto.

Tinha a pele de galinha e as lágrimas nos olhos; um terror jamais conhecido lambia o meu corpo. Tremia a cada mínimo perigo e a cada jogo de luz das chamas um arrepio percorria-me as costas. Repetia para mim que tinha o dever moral de assistir as pessoas em dificuldades, esta era a minha natureza e devia segui-la.

Tinha sentido como uma queixa num saco e procurei perceber do que se tratava. Todavia devia ser perigoso: podia ser um prisioneiro inocente ou então uma criatura como Danação e Vingança.

Segui as lamúrias. Provavelmente era a voz de um homem que pedia ajuda, mas não percebia o que estivesse a dizer ou quem invocasse. Abri o saco e saiu um homem lindíssimo. Tinha os olhos azuis-verdes, cabelos loiros e as típicas feições nórdicas que sempre deixaram enlouquecer; os braços eram poderosos e pareciam ter sido criados para proteger-me.

Pouco tempo depois sorriu para mim, grato, e tentou falar comigo, mas não percebia o que dizia. Num instante, pois, compreendemos que devíamos fugir de novo porque Vingança e Danação gritavam e desejavam a sua desforra. Estavam muito próximos de nós.

Fugimos duma só vez.

No fundo da sala, a dado passo ele indicou-me um alçapão. Antes, contudo, deveria abrir a tal e depois a grade, por conseguinte eu, que estava armada, eu devia proteger e disparar numerosas balas contra os dois monstros que estavam feridos mais ainda terrivelmente activos. Enfim podia vê-los: eram duas criaturas diabólicas. Começaram a lançar bólides amarelos para a minha direcção e eu protegi-me como podia, continuando a disparar.

Estava tão concentrada que aquele homem lindíssimo foi obrigado a pegar-me pelo pescoço para virar-me e deixar-me entrar no alçapão, que fechamos apressadamente à nossa trás, e assim como a grelha.

Continuamos às cegas naquele lugar obscuro. A luz era fraca mas não estava sozinha. Seja eu como ele, tínhamos nos olhos e no coração uma jornada entre as mais tristes e dolorosas que os humanos pudessem ter conhecido; éramos pequenos, fracos e assustados.

Apesar do nosso medo e os gritos enlouquecidos dos dois monstros, na luz fraca o homem admirável conseguiu encontrar uma espada.

Percebi que o meu companheiro da aventura sabia empunhá-la e devia também estar treinado para usá-la; o que justificava os grandes e atraentes braços robustos.

Prosseguindo com a espada, encontrou também um homem morto dentro de uma couraça e fez-me perceber que devia ajudá-lo a remover o cadáver de forma que pudesse usá-la; felizmente não lhe ficava nem muito larga nem muito apertada. Era rápido e ágil mesmo com ela vestida.



Avançamos através dos estreitos túneis subterrâneos que eram quentes e pouco iluminados mas que davam um sentimento de tranquilidade. Avançamos durante algum tempo. Não havia perigos. Já tinha percebido que ele sabia usar as armas, que era inteligente e esforçava para comunicar-se; devia ter sido um soldado. Parecia gentil nos gestos e nos movimentos, talvez porque o tinha salvado. Estava sempre disposto para ajudar-me e parecia estar a procura de comida como a procurava eu também.

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