â Algumas coisas estão acontecendo e você precisa saber disto. Não era seguro para você e Kyoko saÃrem sozinhas esta noite. Vou explicar enquanto procuramos Toya. Acho que Kotaro está aqui também em algum lugar. â Shinbe envolveu um braço protetor ao redor dela enquanto se dirigiam ao estacionamento para encontrar Toya.
Por um momento, Suki ficou atordoada para fazer qualquer coisa, mas acenou com a cabeça.
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Toya correu pelo estacionamento, amaldiçoando Shinbe sair correndo na frente. Ele teve que sair do carro no lado do passageiro, uma vez que percebeu que não podia sair do seu lado. Na pressa de chegar a Kyoko, ele havia estacionado muito perto de um muro. Infelizmente, ele também descobriu isso quando tentou abrir a porta e bateu no muro, dando uma amassada no carro.
Isso não foi realmente o que o atrasou. Quando ele saÃra correndo do estacionamento a uma velocidade vertiginosa, um garotinho apareceu do nada e colidiu com ele. O impacto foi tão súbito que o derrubou. Quando ele se endireitou o suficiente para ficar de pé, rapidamente ofereceu ao menino uma mão para ajudá-lo a se levantar.
â Ei, garoto, você está bem? â Toya recolheu a mão quando o menino sibilou e correu na direção oposta como se o próprio Satanás o perseguisse.
Toya deixou de lado a sensação assustadora que o menino tinha deixado e olhou para a boate de dois andares. O sentimento estranho voltou dez vezes mais forte quando notou a sombra de um homem que carregava alguém em uma das janelas no último andar. Havia tantas coisas erradas com aquela pequena cena.
Seus olhos brilhavam, prateados, seus sentidos reconhecendo coisas que ele ainda não entendia. Tudo isso o deixou com a sensação de que alguém acabara de pisar sobre seu túmulo.
Quando se aproximou da boate, Toya grunhiu aborrecido ao perceber que havia duas entradas. Uma parecia ser a entrada principal e a outra estava muito lotada. Decidindo ir pela principal, ele abriu caminho entre a multidão.
â à melhor que ela esteja bem... quando eu a encontrar, vou algemá-la permanentemente, ela gostando ou não. Marcas de prata começaram a se fortalecer dentro do ouro de seus olhos enquanto ele procurava Kyoko.
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Kyou abriu caminho pelo beco atrás da boate com Kyoko segura firmemente em seus braços. Sua mente estava preparada e ele levaria a garota para sua casa temporária para se recuperar. Ele olhou para a cobertura na rua bem em frente à boate. Ela estaria segura com ele, mas ele teria que ter cuidado. Ele podia sentir o servo de Hyakuhei dentro da escuridão que cercava a boate.
Seu maxilar apertou-se quando ouviu um grito fraco na distância e sabia que outra vÃtima havia sido encontrada. Olhando para a menina adormecida, seus olhos dourados se suavizaram. Por enquanto, ela seria seu segredo. Ela era leve como uma pluma e parecia tão frágil.
Ele não conseguiu compreender como essa menininha tinha um espÃrito tão ardente, mas uma alma tão pura. E "Toya", ela falou o nome de seu irmão morto como se ela o conhecesse. Como poderia ser possÃvel?
Seus pensamentos pararam quando ele sentiu uma poderosa criatura noturna à frente, ao mesmo tempo que um cheiro de sangue chegou ao seu nariz. Ficando tenso, ele reconheceu a aura do licantropo que protegera Kyoko mais cedo, mas que depois a abandonara, deixando-a em perigo.
Não querendo que a menina se machucasse se ele precisasse lutar, Kyou a pousou suavemente no beco e seguiu o cheiro de sangue que vinha da esquina. Se o lobo tivesse abatido um humano, a garota pode não estar segura ao redor dele. Sabia-se que alguns lobisomens se perdem quando a ira entra em seu sangue, e ele não permitiria que a garota fosse protegida por uma criatura tão perigosa.
Ao virar a esquina com os pés silenciosos, os olhos de Kyou contemplavam uma cena que ele não tinha testemunhado há séculos. O lobo, ainda em forma humana, estava grunhindo, com as presas descobertas. Os olhos azulÃssimos ardiam enquanto ele grunhia violentamente contra o que parecia ser um corpo que ele segurava.
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Toya fez uma pausa quando ele se aproximou da porta. Olhando, ele se virou rapidamente e se dirigiu em direção oposta da entrada. Ele conseguia sentir o cheiro dela, embora na parte de trás de sua mente ele não conseguisse descobrir como ou por que ele podia. Saindo em disparada em direção ao beco à esquerda do prédio, seu coração martelou violentamente em seu peito enquanto pensamentos mórbidos voavam em sua mente.
Meninas desaparecidas e lugares escuros... é melhor que Kyoko não tenha um único fio de cabelo fora do lugar ou então...
Entrando nas sombras, Toya parou de repente quando o medo sufocou sua respiração. Lá, deitada contra a parede de tijolos sujos, estava Kyoko. O mesmo medo que o havia congelado agora o fez entrar em ação. Em um segundo, ele estava ao lado dela.
Ajoelhando-se, ele a tocou, procurando a vida que permitiria que seu coração recomeçasse a bater.
Assim que seu dedo tocou o pescoço dela, seu próprio coração bateu ao mesmo tempo que o dela e ele exalou. Graças a Deus ela estava viva. Um momento de déjà vu trouxe uma lembrança indesejável e ele rapidamente a afastou de repente, com medo. Sentindo os outros por perto, ele não perdeu tempo em levá-la em segurança. Ao segurá-la perto dele, Toya usou sua velocidade sobre-humana para tirá-los da escuridão.
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Kotaro segurou Yohji contra a parede de tijolos enquanto controlava sua sede de sangue. Continuar o seu castigo já não valia mais a pena, considerando que o menino já havia desmaiado novamente. Deixando ele cair no chão sem nenhuma gentileza, ele sentiu uma perturbação na energia que o rodeava.
Sua cabeça virou para o lado, seus olhos azuis gelo se estreitando.
Kyou observava enquanto o lobo largou o menino de volta ao chão sem matá-lo. Ele imediatamente reconheceu o humano como sendo o assediador de Kyoko. Mudando a opinião de alguns momentos antes, seus lábios se curvaram em um ligeiro rosnado. Se fosse ele segurando o menino pelo pescoço, o garoto não estaria inteiro até agora.
Como se o tivesse percebido, o licantropo virou a cabeça e fixou seu olhar mortal sobre ele. Kyou podia sentir o imenso poder que emanava do lobo. Ele estava mostrando isso em advertência.
No passado, lobos e vampiros sempre se haviam evitado. Sem se preocupar um com o outro, eles escolheram se ignorar. Ambos tinham forças muito parecidas e nem se preocuparam com o domÃnio de um sobre o outro. Eles apenas existiam juntos no mesmo mundo, mantendo-se reclusos e vivendo suas próprias vidas intermináveis.
Todos os instintos de Kotaro ganharam vida, vendo o vampiro de pé ali nas sombras, observando-o. Ele não podia vê-lo com clareza suficiente para distinguir os traços caracterÃsticos, mas seu instinto lhe disse que o sanguessuga era uma ameaça. Ele ainda precisava libertar sua própria sede de sangue e estalou os dedos pensando que talvez fosse um dos subjugados de Hyakuhei.
Assim que decidiu se virar e atacar, a imagem ficou mais forte, depois vacilou e desapareceu.
â Olhos dourados? â Kotaro ergueu-se em toda sua altura, percebendo que ele quase atacara Kyou. â O que ele está fazendo aqui? Droga! â Kotaro sibilou e saiu, temendo que Kyoko não estivesse onde ele a havia deixado. Ele tinha que chegar até ela rápido. Havia sanguessugas esta noite e ela não seria uma das vÃtimas deles. E com Kyou ao redor, não havia como dizer o quão perigosas as coisas poderiam ficar.