Marcela, poderia lhes falar da sua experiência do Entendimento e auxiliá-los em sua busca? (Solicitou Angel)
Claro. No entendimento, cada experiência é única e faz brotar no nosso íntimo uma verdadeira contrição, uma vontade de se abrir completamente a luz. Ele nos faz ter uma visão ampla de nossa vida pessoal, do próximo e a melhor maneira de agir. Quando conquistamos o entendimento, temos um poder amplo para direcionar nossas vidas da forma mais adequada. O conselho que eu dou é que não tenham medo de arriscar ou das consequências pois é melhor se arrepender do que fez do que nunca tentar. Boa sorte para os dois. (Respondeu a mesma)
Obrigado. A admiramos por fazer parte do grupo dos justiceiros, seres lendários do nordeste e meditaremos nas suas orientações. Muito obrigado por tudo. (Eu, o vidente)
Faço das minhas palavras as suas. (Renato)
Tudo bem. Podem ir. Continuem andando na direção sudoeste. O desafio se apresentará para vocês. Eu vou ficar um pouco mais conversando com minha amiga Marcela. Encontramo-nos em casa, mais tarde. (Angel)
Obedecemos ao mestre, nos despedimos da nossa nova amiga e saímos da sua casa. Já fora, pegamos a mesma trilha novamente. O que aconteceria? Continue acompanhando, leitor.
Entendimento
O retorno à trilha fez aflorar novamente em mim a ansiedade, a inquietação e as preocupações de sempre, referente a minha vida pessoal e profissional. Além disso, a todo instante me pergunto sobre o futuro. Em certa ocasião, a pressão é demais e peço para Renato que paremos um pouco. Ele concorda, nos hidratamos, comemos um lanche e traçamos os nossos planos. Quando nos recuperamos, retomamos a caminhada. Nossos passos nos levam a paisagens desconhecidas e maravilhosas e aproveitamos para tirar algumas fotos. O ambiente era tranquilo e aconchegante e nada nos levava a crer que há cerca de oitenta anos atrás aquele mundo era um mundo de violência e autoritarismo, mas era o que a história registrara. Cabia a nós como aventureiros que éramos descobrir pouco a pouco os detalhes.
Continuamos caminhando, relaxamos um pouco e concentramos apenas no objetivo atual. Acerto os últimos detalhes com Renato, apertamos o passo avançando cada vez mais. No caminho, passamos por um jardim frutífero e aproveitamos para sentir um pouco o gosto da liberdade alcançada até o momento. Subimos nas árvores como crianças, nos balançamos, derrubamos frutas deliciosas, descemos e nos alimentamos. Enfim, nos sentimos felizes. Um tempo depois, observamos o horário e resolvemos voltar a caminhar na mesma direção de sempre.
Depois de uma longa caminhada de duas horas, finalmente chegamos ao centro do sudoeste do sítio. Sentamos no chão e esperamos um sinal. Porém, passam mais de quinze minutos e nada acontece. O que estava acontecendo? Que peça o destino estava nos pregando? Não seria possível que tínhamos tido tanto trabalho para nada.
Sem resposta, conversamos um pouco e Renato me propõe uma oração que aprendera com a guardiã, direcionado a um santo anônimo, desatador dos nós. Aceito por me parecer a única alternativa viável. A oração é a seguinte: Queridíssimo santo desatador dos nós, eu vos peço que nos sirva de intercessor junto ao senhor dos exércitos para que ele nos mostre um caminho seguro a fim de nos mostrar o nosso destino. Prometo que serei teu ardoroso fiel hoje e sempre. Com atenção, um aventureiro. Amém.
Depois de proferir a oração com fé, ficamos na expectativa. Cinco minutos depois, escuto uma voz interior a dizer-me: Dobres a direita e encontrarás o que precisa. Mesmo sem querer acreditar, peço para Renato esperar enquanto vou fazer xixi. Dobro a direita. Imediatamente, o mundo escurece, trevas e luz se aproximam, e meus estigmas são despertados. Sofro bastante, choro, grito, perco totalmente o controle. Enquanto isso, ocorre uma batalha rápida diante de mim entre um anjo e um demônio. Caio em terra e a única opção que tenho é torcer para que tudo terminasse bem.
Depois de um período de espera, o bem finalmente vence e o anjo se aproxima de mim. Ao chegar bem perto, fico ofuscado com sua luz e tenho que fechar os olhos. Ele encosta em mim e diz: Toque-me. Obedeço e o contato me faz ter uma visão bem rápida: Vejo um homem idealista e corajoso chamado Romão, habitante da Ásia menor, proprietário de terras num momento crucial de sua vida. O mesmo tinha oitenta anos,viúvo,fora casado com uma mulher maravilhosa chamada Cris durante cinquenta anos em plena comunhão e amor. Do relacionamento, tiveram cinco filhos que por ironia do destino também já eram falecidos. Há dez anos vivia sozinho, apenas acompanhados por empregados e por colonos que trabalhavam em suas terras. Mesmo com todas as perdas de sua vida, vivia feliz em sua propriedade, e não negava ajuda a ninguém. Em certo dia, realizando exames de rotina, ocorreu que descobriu que era portador de uma doença grave. Mesmo com a má notícia, não se revoltou. Começou a preparar-se para a despedida. Reuniu seus amigos mais próximos e empregados, deu uma grande festa e no final entregou a cópia de seu testamento juntamente com seu advogado. No texto, repassava todos os seus bens a cada um deles, em partes iguais. Emocionados, todos o abraçaram e ficaram muito contentes pois eram pobres e tristes pela iminente perda do amigo pois o que era dinheiro diante de anos de compreensão, apoio e cumplicidade? Aproveitaram o momento e declaram o seu amor por ele. Quando acabou a festa, todos se despediram. No outro dia, Romão foi encontrado morto, foi enterrado e hoje vive em paz, com espíritos evoluídos do céu. Fica a lição: É necessário entendimento e discernimento para agir de forma generosa em todos os momentos da vida. Tudo é passageiro e o que realmente fica são as boas obras, pensamentos e os valores. O homem é isso.
A visão termina. Ao abrir os olhos, observo que estou sozinho e então decido voltar .Dobro a direita, dou alguns passos e reencontro Renato. Ele me dá um grande abraço e me pergunta: Por que a demora, estava ficando preocupado. Só foi fazer o número um mesmo? Confirmo que sim e me justifico dizendo que me distrai. O convido a voltar para casa, ele aceita e continuamos a caminhar. No caminho de volta, tento assimilar da melhor maneira o segundo dom do espírito santo e sinto uma energia boa correndo em todo o meu corpo. O que aconteceria daqui por diante? Eu estava a ponto de descobrir. Apertamos o passo, avançamos na trilha e exatamente depois do mesmo tempo chegamos ao destino, a casinha de sapê, de propriedade de nosso mestre. Sem esperar muito, adentramos nela e procuramos o mesmo. Particularmente, estava ansioso para revê-lo e contar as novidades. Continue acompanhando, leitor.
Reencontro
Já dentro da casa, avistamos Angel na parte referente ao quarto e sem cerimônias e sem demoras nos aproximamos dele. Ao chegarmos bem perto, ele nos cumprimenta, nos abraça e inicia o diálogo.
E aí? Obtiveram sucesso novamente?
Sim. Desenvolvemos um pouco mais o nosso potencial ao desvendar o segundo dom do espírito santo mas queremos mais. Qual o próximo passo? (Respondo)
Queremos todos os detalhes e a forma mais adequada de agir. (Complementa Renato)
Calma. Vocês são muito ansiosos. O próximo passo ainda está distante. Falemos do atual. O que aprenderam com a nova experiência? (O mestre)
Eu descobri através da visão da história que é necessário muito entendimento, paciência, e coragem para se fazer as escolhas certas e que o primeiro é alcançado de diversas formas, dependo do grau de evolução do indivíduo. Como diz o ditado, a vida ensina, de uma forma de outra e o sucesso depende muito mais da experiência, da persistência e dedicação de cada um do que qualquer outra coisa. (Eu)