January Bain - Magia, Caos & Assassinato стр 6.

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— Certo. — Fiz a curva no Tesourada com sua tesoura enorme empoleirada no telhado. Tinha até uma história, de quando o estranho artefato tinha caído na calçada durante uma tempestade de gelo anos atrás. Ela havia sido fixada de forma mais segura desde aquilo, graças à deusa. O salão de beleza ficava ao lado do nosso café e era bem movimentado. Parei na primeira entrada de garagem à direita. — Você gosta de música country? — Perguntei quando ele saiu do banco da frente.

— Sim, claro. — Ele me deu um olhar questionador, fechando a porta barulhenta do passageiro. Duas vezes. Ela nunca fechava na primeira tentativa.

— Ótimo. Venha ao Botas e Renda hoje à noite. É a noite dos homens. A primeira bebida é grátis. E minha irmã Estrela vai cantar, o que é algo incrível.

— Você tem mais família na cidade? — Ele descansou a mão na parte de cima da janela aberta do jipe. Ele se curvou para ficar da minha altura, seu belo rosto preenchendo o espaço de uma forma alarmante.

— Sou uma de três trigêmeas. A mais velha por um dia, então estou no comando.

— Eu aposto que você está — ele murmurou.

— Desculpe, eu não ouvi.

— Eu disse que adoraria ir.

— Excelente! Eu te apresentarei à cidade. Este é seu primeiro trabalho?

— Não. Passei três anos em Vancouver após completar meu mestrado em criminologia.

— Sério? Eles mandaram um homem com suas credenciais para cá? Sem ofensa, oficial, mas o Lago Nevado não é um centro de crime. O que você fez?

— Aparentemente, minha atitude notável em ajudar os outros que não viam o quadro completo durante a aplicação da lei não era o bônus que eu esperava que fosse.

— Não é a primeira vez que alguém foi rebaixado por saber demais. Detecto um pouco de sotaque do sul na sua voz?

— Culpado da acusação. Passei minha infância em Lexington, Kentucky, antes que meus pais, eu e meus dois irmãos nos mudássemos para o Canadá. Meu pai é um professor universitário e minha mãe é uma cientista especializada em virologia.

— Impressionante. Bem, amanhã é o Festival da Vizinhança, o que significa que você pode se vingar de mim pelo spray de pimenta. Vou ficar no tombo molhado.

— Sério? — Um sorriso genuíno apareceu. — Que horas?

— Ah, das uma às duas.

Ele parecia inteiramente presunçoso agora.

— Sabe, eu poderia ter levado você de volta ao seu veículo. — Estreitei os olhos, pensando em uma viagem de volta para depositar a doce bunda dele nas proximidades do grande urso-negro.

— Não, obrigado. Eu valorizo meu pescoço.

E com aquela última frase, ele saiu confiante, todo alto e forte para a entrada da frente do destacamento, exatamente como Marshall Raylan Givens do programa de sucesso, Justified que vovó e tia T.J. insistiram em comprar todas as temporadas em DVD. Exibido.

Fiz uma volta abrupta, aproveitando a nuvem de poeira que meus pneus grandes demais jogaram no edifício baixo que abrigava toda a força policial de um dígito da cidade, depois acelerei pela curta distância para casa.

Pegando um balde de bagas em cada mão, bati na porta da frente com a minha bota. Tulipa a abriu. — Há mais dois no jipe — grunhi passando por ela para depositar as frutas em uma mesa para clientes.

Estrela apareceu já vestida para o show da noite no Botas e Renda.

— Você está bonita — eu disse, admirando o vestido de cowgirl branco com franja e as botas de couro vermelhas.

— Você acha! — Ela girou, fazendo a franja dançar.

— Terminou a fornada?

— Ah, sobre isso…

Eu gemi alto. — Não me diga.

Tulipa voltou com os outros baldes de bagas, passando seu olhar entre nós e entendeu o que estava acontecendo.

— Eu vou ficar e terminar os biscoitos.

— Você queimou uma fornada de novo? — Fixei meu olhar em Estrela. — Se você tiver queimado, você vai ficar e terminar. Não Tulipa.

— Eu não tenho tempo. Tenho que ir até o hotel. Jerry ligou e disse que precisa de ajuda com a passagem de som.

— E sua família não precisa?

— Não foi minha culpa. Fiquei ocupada com um cliente e…

— Eu te disse para manter o café fechado. — Estrela nunca escutava.

— Você disse que precisávamos do dinheiro! E a pessoa comprou mais de cem dólares em cristais e cartas de tarô. Até um livro de feitiço dos mais caros. — A expressão de Estrela ficou assassina, como a música dela sobre Johnny do Lago Nevado.

— Estrela. — Balancei a cabeça. — Ok, saia daqui. Tulipa e eu vamos lidar com isso.

Ela me deu uma apunhalada final com os olhos irritados, saindo zangada pela porta da frente.

— O coração dela estava no lugar certo — Tulipa murmurou, apenas fazendo minha culpa ficar mais profunda.

— Sim, eu sei. Vamos lá, nós temos biscoitos para assar e bagas para limpar. E eu quero ver pelo menos um dos números de Estrela hoje à noite. Eu convidei alguém.

— Mesmo. Quem?

— O novo policial da cidade. Ace Collins. Acabou de chegar.

— Legal. Deve ter sido no fim desta tarde então. — Tulipa olhou para o relógio na parede, um dos meus favoritos, com sua imagem alegre de um galo cantando sobre o tempo. — A última atualização que recebi da tia T.J. foi às quatro e meia. Uma hora atrás.

— Provavelmente tirou uma soneca. Eu esperaria uma ligação a qualquer momento.

Assim que eu falei, o telefone tocou.

Tia T.J., apelido para Tegan Jane, vivia na Rua do Telégrafo, ao lado da biblioteca da cidade. Eu amo a casa dela, feita no estilo gingerbread3 com toques extravagantes como almofadas bordadas com provérbios antigos que aquecem o coração. Ela era a irmã mais nova da vovó por uma década, e pela reação de Tulipa, não precisava de um paranormal para saber que ela estava ligando.

— Tia T.J.. Claro, Encanto acabou de me dizer.

— Diga a ela que ela está falhando — eu provoquei. Arrastei as bagas para a cozinha. Se eu trabalhar como uma louca, posso terminar a tempo para um banho rápido e a segunda música da Estrela.

Três horas suadas depois, as bagas estavam no refrigerador e uma fornada enorme de biscoitos de manteiga de amendoim estava empilhada em bandejas de plástico transparentes.

— Você quer fazer o Feitiço Kismet? — Perguntei a Tulipa.

— Não, não tenho muita energia sobrando. Você faz.

— Agradecemos por esta recompensa da terra sagrada. Que este alimento seja seguro e nutritivo para todos os que o consumam e os abençoem à saúde ideal, dando energia, vigor e bem-estar. — Enviei minhas intenções positivas para o universo, visualizando o fluxo como um círculo de amor, apreciando o puxão no meu espírito.

— Droga, nós não abençoamos o pote de geleia que a Sra. Hurst levou. — Eu franzi a testa para Tulipa, não gostando da omissão.

— Vai ficar tudo bem, Encanto. Estou indo para casa me trocar. Vejo você lá. — Tulipa tirou o avental e saiu do café. Eu me arrastei passo a passo até as escadas de trás para a minha suíte e olhei para a porta fechada de Ivana. Um passo rangeu sob o meu pé e me encolhi, parando no meio do movimento. Eu rezei.

Mas não tive tanta sorte. Uma porta se abriu e nossa inquilina ficou ali, com as mãos em seus quadris curvilíneos. Seu cabelo vermelho selvagem dava uma impressão de movimento sinistro semelhante à famosa Medusa, mesmo quando ela estava parada. Seus olhos cinzentos me prenderam na parede e eu jurava que uma faísca saltou dela para pousar na minha camisa. Eu distraidamente passei a mão nela. Ela estava na casa dos trinta anos e era alguém que eu nunca queria aborrecer. Eu acho que ela tem relação com a máfia russa — pelo menos ela sugeria isso com frequência suficiente quando ela já tinha tomado algumas doses de vodca. É claro, todos a amavam. Esperto.

— Ivana, como está? — Perguntei, minha garganta apertando. Não havia muitas coisas que eu tinha medo, mas Ivana Petrov? No topo da lista com o Pé Grande. O inglês quebrado e seco dela apenas a tornava mais assustadora.

— Não muito bem.

— Oh? — A pele na parte de trás do meu pescoço formigou. — O que aconteceu?

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